Review / Tutorial de ONI: Road to be the Mightiest Oni

* Esta análise foi feita com o código cedido pela Clouded Leopard Entertainment (versão PS4/PS5)

Distribuidora: Clouded Leopard Entertainment  / Shueisha Games
Produtora: Kenei Design / Shueisha Games
Plataforma: PS4 / PS5 / PC / Switch
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2023

ONI: Road to be the Mightiest Oni é um jogo de ação onde acompanhamos Kuuta, um “demônio” derrotado pelo guerreiro Momotaro, buscando aperfeiçoamento na ilha de Kisejima para desafiar novamente seu algoz.

A LENDA DE MOMOTARO

ONI: Road to be the Mightiest Oni é a reinterpretação da lenda de Momotaro pelos olhos de um “demônio” (oni) derrotado por ele.
A lenda, originária do Período Edo, conta sobre um menino que veio ao mundo em um pêssego gigante.

Estátua de Momotaro e seus ajudantes em Okayama


Uma senhora que lavava roupas no rio próximo de sua casa viu um pêssego de tamanho desproporcional nas águas.
Como a correnteza era rápida e ela não conseguia acompanhar a velocidade, dada sua idade avançada, entoou um cântico: “Distante água é amarga, a água perto é doce / Passe pela água distante e vem para água doce.”
Assim que começou a cantarolar, o pêssego foi sendo levado em sua direção. A senhora coletou o grande fruto e o levou para casa.

Os idosos surpreendem-se com um menino dentro do pêssego


Ao fim da tarde, o marido chegou e surpreendeu-se com o grande pêssego.
O casal de idosos preparava-se para comer o fruto, quando este abriu-se sozinho, revelando um menino em seu interior.
Atônitos, o casal que nunca havia tido filhos, ouviu as palavras do menino: “Não tenham medo. Vim lhes fazer companhia. Vim ser seu filho, ajudá-los e alegrá-los.”
Radiantes, os idosos o nomearam Momotaro (Menino-Pêssego; Momo = pêssego e Taro = menino/filho mais velho).

Momotaro cresce ouvindo sobre os ataques de onis


Conforme crescia e ajudava no plantio, Momotaro mostrava-se inteligente e corajoso.
Um dia, ouviu contarem sobre os Onis, monstros que saqueavam as vilas e matavam os moradores.
Indignado, ele decidiu partir para a ilha de Onigashima, lar dos onis, com o intuito de derrotá-los e por fim à sua tirania.
Seus pais lhe deram kibidangos, bolinhos feitos de mochiko (farinha de arroz) e desejaram sucesso em sua jornada, embora temerosos pela vida do filho.

Kibidango, o bolinho de farinha de arroz que convenceu os animais a seguirem Momotaro
Momotaro e aliados partem para o ataque contra os monstros de Onigashima


Durante a jornada, Momotaro encontrou três animais que lhe pediram kibidangos para acompanhá-lo: um cão, um macaco e um faisão.
Juntos, partiram em um pequeno barco para a ilha de Onigashima.
Após uma ferrenha batalha, os onis derrotados pediram a clemência de Momotaro, prometendo não mais atacar os humanos.
Mostrando piedade, Momotaro poupou-lhes a vida, recebendo em troca todos os tesouros roubados.
O guerreiro e seus animais ajudantes voltaram vitoriosos para casa, compartilhando os tesouros com os habitantes locais.

Momotaro derrota os demônios em Onigashima
E retorna para casa com tesouros e a promessa de que os onis não mais atacariam os humanos

KUUTA E KAZEMARU

Após o fim da lenda, Kuuta, um dos onis derrotados, viaja para Kisejima, a ilha onde o espírito dos onis derrotados descansavam, disposto a polir sua habilidade como guerreiro, para então desafiar Momotaro em um duelo.

Kuuta é derrotado por Momotaro em Onigashima
E parte para Kisejima, disposto a melhorar suas habilidades marciais


Chegando à ilha, Kuuta encontra Kazemaru, o espírito de um oni que torna-se seu aliado, ajudando a recolher os espíritos derrotados.
Para fortificar-se, Kuuta precisa ativar pedras espirituais e passar por desafios onde os oni voltam à vida; ao derrotá-los mais uma vez, o protagonista deve recolher suas almas, aumentando sua própria força.

Kazemaru, o espírito oni que ajudará Kuuta a aumentar sua força
Ao derrotar um oni, sua alma fica exposta e deve ser atacada


Depois de nocautear os inimigos, Kuuta deve atacar as almas até que elas sejam absorvidas por Kazemaru, que também pode enfraquecer ou paralisar inimigos à distância, com o uso de R1 + Direcional Direito para mover-se livremente e L1 para afetar os inimigos.
Avançando pelas lutas contra chefes, Kazemaru também ganha a habilidade de teleportar Kuuta (R1 + Direcional Direito para mirar e L2 para confirmar).

Kazemaru pode nocautear inimigos
Além de usar a energia das almas capturadas para recuperar a vida do guerreiro


Kuuta luta com uma clava (Quadrado) e pode esquivar (X), após encher a barra, um golpe especial pode ser usado com Triângulo; novos golpes são obtidos ao derrotar chefes, incluindo a Invencibilidade e o poder de criar cópias (Doppelganger), entre outros.

Rodeado por inimigos? Sem problemas!
Os especiais são ideias para escapar de momentos complicados

OS OUTROS

Zenisuke, um oni comerciante, conhecido de Kuuta, também chega à ilha, disposto a vender itens e equipamentos para o protagonista, como novas Clavas e Calças (cada qual com melhorias e habilidades próprias) ao preço de cogumelos, coletados ao longo de Kisejima.

Zenisuke é conhecido de Kuuta (você precisa pagar sua dívida antes dele voltar a vender)
Ele vende itens e equipamentos ao preço de cogumelos


Os outros dois “ajudantes” são Kanna, a única humana no local, com quem é possível conversar e trocar os kimonos, além de pedir para ela rezar (o que recupera a estamina de Kazemaru) e um pequeno javali, que serve de montaria para cruzar a ilha mais rapidamente (além de oferecer desafios de corrida).

Kanna é órfã e a única humana na ilha
O bebê javali serve de transporte na ilha


Há espíritos escondidos pela ilha, invisíveis a olho nu, podendo ser encontrados apenas com a ajuda de Kazemaru, que os sente (vibração no controle) e, ao apertar R2, um campo de detecção surge, revelando a presença do espírito rebelde assim que estiver ao seu alcance.

Kazemaru pode detectar espíritos ocultos
Estes espíritos precisam ser capturados e levados até a estátua de oração


A partir de então, utilizando os mesmos comandos para afetar os inimigos, captura-se os espíritos vermelhos, tornando-os envoltos em uma aura azul.
Eles devem ser levados até uma estátua de oração para serem salvos (a mesma que serve para salvar o jogo). Quatro espíritos salvos equivalem a um coração novo.

Ao serem guiados até a estátua, eles podem atrair a atenção de Kuron
Um oni que tentará devorá-los a qualquer custo


Porém, um grande oni escuro pode detectá-los também e tentar devorá-los. Neste caso, você deve fugir até a estátua, usando as lamparinas de pedra como pontos para se tornar invisível aos olhos dele, temporariamente.
As bonecas de pano ganhas ajudam na hora da fuga, servindo de alvo para caso o grande oni o alcance.

Ao se aproximar de lamparinas, temporariamente Kuuta ficará invisível, dando vantagem à fuga
Cada espírito salvo garante 1/4 de um novo coração


Notas contando a história da ilha e de outros personagens encontram-se espalhadas, em pontos luminosos.

ASCENSÃO

Diferentes tipos de batalhas compõem as missões, bem como diferentes estilos de câmera.
As lutas normais contra onis acontecem no ambiente 3D, mas algumas missões ocorrem em progressão horizontal (quase como um beat’em up).

As marionetes jogam bombas e não podem ter as almas absorvidas, mas ao derrotar todas
O oni que as controlava é exposto


Outras missões consistem em uma visão aérea do cenário, que também pode acontecer no meio de outra missão, mudando a perspectiva antes do ataque final.
Zenisuke não luta, mas precisa ser protegido em missões de escolta.

Algumas batalhas utilizam a visão aérea
Outras o estilo sidescroller
Durante as “escoltas”, é preciso proteger Zenisuke


Para derrotar os inimigos é sempre necessário nocauteá-los e expor suas almas, para então golpeá-las com Círculo.
Alguns adversários, entretanto, precisam ser nocauteados mais de uma vez até que a alma surja; e, caso não capture sua alma a tempo, ela retorna para o corpo e o oni volta à luta.
Ao nocautear vários inimigos a tempo, capturando a primeira alma, basta seguir pressionando Círculo para que Kuuta avance para a próxima alma, gerando assim combos.
Kazemaru pode ajudar no processo ao derrubar os inimigos, mas não pode fazê-lo no primeiro contato, se eles precisarem ser derrubados mais de uma vez.

Kazemaru pode paralisar inimigos mais fortes
Onis voadores são mais vulneráveis às investidas de Kazemaru
Enquanto os fantasmas só podem ser derrotados por ele, mas podem paralisá-lo e sugar suas energias


Já nas lutas contra os chefes, é preciso capturar todas as almas (que podem estar em diferentes partes do corpo) ou reduzir a força da alma, através da absorção múltipla, intercalada pela volta do chefe ao combate.
Kazemaru mostra-se essencial em alguns chefes, segurando ataques ou mesmo os prendendo temporariamente.

Almas de chefe podem ser muito fortes, precisando ser enfraquecidas algumas vezes antes de obtida
Figuras conhecidas do folclore japonês dão as caras como chefes, incluindo Yamata no Orochi


Paralelamente, as quests são mostradas em cartões (via menu), dando premiações ao serem completas: derrotar uma quantidade de inimigos, coletar todas as calças e clavas, salvar os espíritos e coletar almas estão entre as quests.

Quests rendem bônus ao serem completadas
Como novas clavas ou calças, além de aumento de poderes

MANGÁ?

O gráfico de ONI possui estilo muito semelhante ao cel shading, porém mais polido, sem arestas ou traços grossos.
É como uma animação jogável, lembrando um pouco o estilo de Wind Waker.

Desenhos ilustram o passado dos NPC’s
Os personagens possuem traço leve e apresentações dignas de anime, com o letreiro
O mangá contando a lenda de Momotaro foi lançado como prequel do jogo


O jogo todo se passa na ilha de Kisejima, que possui diferentes ambientes, como o campo junto à praia inicial, um campo de vegetação vermelha, uma caverna com cristais e um bosque (onde habita uma tribo de cogumelos).

Os cogumelos raros valem mais como moeda de troca
Embora se passe em apenas uma ilha, os ambientes são variados


Os personagens são bastante expressivos; Kuuta, embora não fale diretamente, expressa-se através de caretas e gestos exagerados.
Durante as conversas com Kanna, grandes ilustrações mostrando cenas relevantes à trama são exibidas diretamente no cenário, sendo possível ver as imagens ainda fixas na paisagem logo após a conversa.

Uma encarada na câmera antes de usar um golpe especial
Os especiais são obtidos ao derrotar chefes e melhorados com a completude das quests


A trilha sonora me intrigou com um inesperado tema cantado na primeira área da ilha, com um vocal masculino e piano, em um gênero que não costumamos associar ao estilo do jogo.
A combinação, no entanto, é bastante proveitosa e depois de explorar por um tempo eu já estava cantando parte da música.
O mesmo acontece no bosque, onde uma canção, agora com vocal feminino, se faz presente.


Os NPC’s falam em uma língua inventada, com sons balbuciados, mas de fato comunicam-se por balões de texto, o que reforça a identidade visual ao estilo mangá/anime.

POLINDO PLATINAS

A platina de ONI é bem direta, pedindo 100% (ou quase, não é preciso coletar todos os recados) do título.
Completar a trama garante boa parte dos troféus, além de ser necessário coletar todas as calças e clavas, salvar os 56 espíritos ocultos da ilha (o que pode tomar mais tempo do jogador), encontrar dois amuletos amaldiçoados, executar um combo de 35 capturas de almas de inimigos derrotados, extrair 500 espíritos com Kazemaru, capturar 9 onis raros e derrotar 1.000 adversários.

Salvar os 56 espíritos secretos foi o troféu que deu mais trabalho…
Visitando as pedras espirituais é possível rejogar qualquer missão já completada


O jogo possui dois finais e qualquer missão pode ser refeita voltando-se à pedra dos desafios original (existem três na ilha).
Então nenhum troféu pode ser perdido, uma vez que finda a aventura, a ilha fica completamente explorável.

RESUMO DA ÓPERA:
ONI: Road to be the Mightiest Oni
é um daqueles curiosos casos de joias “escondidas”, onde não vemos um grande sucesso de público, mas temos um cult pronto para nascer.

O visual do jogo é belíssimo e bem polido, com boas animações, personagens expressivos, uma trama cativante, uma trilha sonora surpreendentemente boa e uma jogabilidade fluída e leve.

Junte-se a Kuuta e Kazemaru para enfrentar seus “demônios interiores”


A lenda de Momotaro assume uma versão diferente ao mostrar um oni derrotando buscando redenção Kuuta (céu) e um espírito ajudante Kazemaru (kaze = vento), em uma reinterpretação de uma antiga lenda japonesa, com nova roupagem, mas sem perder o tom lírico da lenda original.
ONI: Road to be the Mightiest Oni é um jogo indispensável para os amantes de cultura japonesa.

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