
A localização de jogos pode ser um problema diversas vezes. Seja por uma análise de mercado com relação ao possível desinteresse dos jogadores ou a dificuldade de traduzir certos termos e temas para a realidade ocidental, muitos jogos acabam caindo num limbo de localização no ocidente, ficando “presos” ao Japão.
Olá, aqui é o Musashi e hoje veremos a análise de Romancing Saga 3, um diamante bruto do passado, com sua primeira versão ocidental 23 anos após o lançamento original no Super Nintendo.
*Esta análise foi feita com o código fornecido pela Square Enix
Distribuidora: Square Enix
Produtora: ArtePiazza
Plataforma: PC/PlayStation 4/Xbox One/PlayStation Vita/Android/iOS (Switch posteriormente)
Mídia: Física e Digital (versão física dependendo da plataforma)
Ano de Lançamento: 2019 (2020 para Switch)
Confesso ser meu primeiro título da série e, portanto, desconhecedor que sou das particularidades da franquia, me deparei com aspectos diferentes do padrão dos RPGs japoneses de turno.
RS3 é um jogo pouco linear, o que dá certo charme ao título, mas também causa confusões, especialmente no início.
Para começar, é possível escolher entre 8 protagonistas para a aventura, sendo os outros 7 NPC’s recrutáveis durante a jornada.

O mapa mundi do jogo abre-se logo após a primeira sequência, possibilitando a viagem a diversos vilarejos e “masmorras”.
A party comporta até seis personagens por vez, sendo “apenas” cinco por combate.

A proficiência em armas é maleável: usualmente um personagem possui dois estilos de arma pré-definidos, mas é possível adaptar qualquer um a qualquer arma disponível no jogo.
Da mesma forma, magias podem ser alocadas em qualquer guerreiro, sendo a restrição apenas de elementos que se sobrepõem.
Habilidades são aprendidas com o uso constante do personagem e atribuídas às armas do mesmo; desta maneira, é possível fazer interessantes combinações em um mesmo personagem: ele pode lutar com arco e flecha e espada, com habilidades específicas em cada uma delas e possuir magias de elemento fogo e lua.
Toda esta maleabilidade gera situações curiosas, como ficar preso em uma dungeon muito difícil ou encarar um chefe sem algum item ou habilidade que facilite a batalha. Os múltiplos saves e a possibilidade de se usar o New Game + a qualquer momento (uma das novidades nesta versão) contorna maiores problemas.
Acredite, eu mesmo, após algumas escolhas erradas, precisei reiniciar o jogo.
A vantagem é óbvia: embora seja necessário achar e recrutar novamente os personagens, eles já estão com o level do jogo anterior.
Graficamente, RS3 engana com uma simulação de 16-bits.O gráfico original é muito diferente: mais soturno e “chapado”; o remaster é bastante colorido, com diversos efeitos que não seriam possíveis na época, criando uma atmosfera agradável e um visual mais lúdico.


As músicas são características da época, lembrando em parte alguns temas de Final Fantasy.
Os personagens possuem quatro “atributos” principais:
HP – os pontos de saúde
SP – os pontos de habilidade
MP – os pontos de magia
e LP – os pontos de vida
Aqui ocorre algo interessante e bastante diferente no gênero: um personagem com 0 HP é nocauteado; após isto,cada ataque sofrido consumirá um ponto de LP, sendo estes bastante escassos. Um personagem com 0 LP morreu definitivamente e não voltará ao jogo, com exceção do protagonista escolhido, que resultará no game over. Portanto, não existem itens de ressurreição, mas qualquer personagem nocauteado pode ser curado com itens ou magias padrão.
Ao atingir 0 HP em batalha, os inimigos focarão nesse personagem e cada ataque custara 1 LP, fazendo com que a morte permanente se torne bastante tangível.

Um dos aspectos negativos do jogo fica por conta da narrativa confusa.
Devido à não-linearidade do jogo, os múltiplos protagonistas e finais, é difícil manter uma narrativa coesa.
Descobrir qual o próximo destino após a conclusão de uma missão pode ser uma tarefa complexa, envolvendo diversas conversas com NPC’s em tavernas ou mesmo nas praças das cidades, até que alguém dê uma dica da próxima parada.
Ao mesmo tempo, é possível remover alguém da party a qualquer momento, bastando uma opção de diálogo com algum taverneiro.
Resumindo, Romancing Saga 3 é um diamante não totalmente lapidado: o título possui diversas diferenças do gênero, o que pode causar confusão no jogador à primeira vista, mas o jogo possui todo um charme que faz a experiência valer à pena a todo fã de RPG de turno.
RS3 inova no ocidente, mesmo com ideias do passado (1995); é algo muito diferente do que estamos habituados e é digno de nota o excelente trabalho neste remaster: dos gráficos totalmente refeitos sem perder o estilo da época até à nova dungeon.
Um comentário sobre “Review / Tutorial de Romancing SaGa 3”