Review / Tutorial: The Samurai Collection

* Esta análise foi feita com o código cedido pela QUByte Interactive (versão PS4/PS5)

Distribuidora: QUByte Interactive
Produtora: Piko Interactive / Vivid Image
Plataforma:  PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series S / Xbox Series X / Switch
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2022

The Samurai Collection é a coletânea com os dois jogos de beat’em up e plataforma 2D da Vivid Image, onde um samurai deve enfrentar o Rei Demônio através de diferentes eras e localidades.

O REI DEMÔNIO

Descendo de sua montanha, o Rei Demônio esgueira-se atrás do “Primeiro Samurai” e de seu mestre, matando o guerreiro imediatamente.
O mestre passa a enfrentar a criatura sozinho, mas é derrotado.
No entanto, com suas últimas forças, ele invoca o Mago Bruxo (Wizard Mage); o demônio foge para o futuro, assustado.

O Rei Demônio espreita aluno e mestre


A entidade salva o samurai e lhe ensina os rudimentos da magia.
O guerreiro obtém a espada mágica de seu mestre e agora deve utilizar as novas habilidades aprendidas para viajar através das eras e derrotar as forças do Rei Demônio, até poder confrontá-lo diretamente.

FIRST SAMURAI

É com esta exótica premissa que First Samurai tem início.
Lançado inicialmente para Amiga e Atari ST (um “PC” da Atari) em 1991, FS teve posteriores versões para Commodore 64 e MS-DOS em 1992 e Super Nintendo em 1993.

É possível escalar algumas paredes
Cinco talismãs vermelhos são necessários para revelar o chefe


FS é um jogo de plataforma com dificuldade agressiva alta.
A espada, arma principal do guerreiro, pode ser perdida ao sofrer dano (a barra com a espada indica o quanto você pode sofrer até perdê-la), o que o fará lutar com os punhos e pés; após derrotar 5 inimigos consecutivos desta forma, a espada mágica retorna até você.
A espada equipada funciona como uma “segunda vida”; é somente ao perdê-la que você corre o risco de morrer.
Há também armas secundárias que podem ser coletadas, como facas arremessáveis e granadas, ideias para matar à distância.

Sem a espada, resta recorrer ao combate desarmado


É possível coletar tesouros para pontuação e comida para recuperar a energia.
Sempre que encontrar cestos com tesouros ou alimento, a música Aleluia toca, o que é no mínimo curioso e um tanto engraçado, dada a surpresa.
Os sinos funcionam como um ativador da magia, invocando o “Mago Bruxo” em plataformas e locais específicos, seja apagando incêndios com chuva ou removendo barreiras antes intransponíveis.

Baús contêm tesouros para a pontuação


Os cenários possuem múltiplos níveis de altura e passagens secretas, como paredes destrutíveis. O samurai pode inclusive escalar algumas paredes.
Para avançar, é necessário coletar cinco talismãs vermelhos, sendo que apenas estes irão revelar o chefe da fase, assim que sua área for acessada.
Em alguns casos, é possível até mesmo chegar ao local da luta contra o chefe sem os cinco talismãs, o que não irá iniciar a luta nem sua aparição.

Invocando o Mago Bruxo (eu não me conformo com esse nome)
É possível apagar incêndios e utilizar outras magias para remover obstáculos


Um recurso interessante que o jogo possui é a criação de checkpoints através do depósito de energia em pequenos vasos de cerâmica.
Alguns destes vasos encontram-se pelas fases, sendo especialmente importantes aqueles antes das lutas contra chefes.

Depositando parte da força nos vasos azuis, cria-se um checkpoint


A variedade de inimigos é grande, dado o recurso de viagem no tempo: samurais, ninjas e monges japoneses disputam espaço com aliens, tengus, kappas, morcegos, sapos, androides e outras criaturas mágicas.

O(s) primeiro(s) chefe(s) do jogo é ironicamente um dos mais difíceis

SECOND SAMURAI

Lançado para Amiga em 1993 e posteriormente portado para Mega Drive (1994), Second Samurai possui mudanças significativas no gameplay, gráfico e, especialmente, DIFICULDADE.
Agora é possível jogar também em modo cooperativo, com a introdução de uma personagem feminina no Mega Drive (a versão Amiga possui outro samurai).

A personagem feminina substituiu o samurai careca na versão de Mega Drive


Se First Samurai já era difícil, as coisas ficam ainda mais complicadas na continuação.
Second Samurai possui agora quatro dificuldades para serem escolhidas e o sistema de checkpoints do anterior foi extinto, uma vez que as fases são agora mais lineares.
As passagens secretas deixam de ser paredes quebráveis, para tornarem-se novas telas, acessíveis através de pulos e quedas em pontos específicos, alguns dos quais bem duvidosos, como uma queda em lava, que pode matá-lo se errar o ponto indicado pela seta.

Aquela seta azul indica uma sala secreta… no meio da LAVA


O sistema de coletar os talismãs também foi substituído, sendo necessário agora coletar as almas armazenadas em potes azuis (estes indicados em numeração na parte inferior da tela).
Barreiras de energia podem impedi-lo de progredir, o que significa que você ainda não encontrou a quantidade necessária de almas.
Neste caso, é necessário voltar na fase, possivelmente em alguma tela passada, e interagir com cristais azuis flutuantes (que podem conter itens ou potes azuis) ou alguma passagem secreta perdida.

Estes vasos azuis possuem as almas necessárias para progredir; na parte inferior da tela, o número de vasos da fase


Novamente temos a questão da espada mágica, que pode ser perdida após receber dano e precisar lutar com o corpo.
Como arma secundária, apenas as adagas arremessáveis permaneceram, mas também podem ser recebidos pergaminhos, dentre os quais o branco (que confere poder de arremessar uma onda de energia da espada), o vermelho (que mata todos os inimigos na tela) e o azul (que teleporta o personagem de volta para a tela inicial).

Diferentes pergaminhos podem ser coletados derrotando inimigos ou interagindo com cristais


O jogo é repleto de armadilhas nos cenários, como estátuas explosivas, estalactites e bolas de ferro presas por correntes.
As armadilhas representam boa parte da dificuldade do jogo, que constantemente tenta matá-lo de surpresa.
Não bastasse isto, há meios inusitados para passar por certas partes, como rochas suspensas que devem ser derrubadas arremessando-se pequenas pedras, para então pular sobre elas e pular novamente antes que despenquem no penhasco.

Aquela rocha caindo, na esquerda, é a plataforma temporária para alcançar o outro lado


Agora temos fases bem diferentes, como uma batalha no céu, usando um jetpack, uma corrida sobre um velociraptor enquanto desvia de troncos no chão e tenta alcançar pterodáctilos que carregam potes azuis (sim, o jogo possui fases na Pré-História) e uma fase passada inteiramente sobre os galhos de altas árvores.

Mesmo com save state, quase perdi as esperanças de finalizar o jogo por causa desta fase…


Os inimigos continuam criativos e variados, entre macacos, homens das cavernas, esqueletos robóticos armados (olá T-800), dragões, ninjas e demônios, entre outros.

T-800, é você? (tema do Exterminador do Futuro tocando)

A COLETÂNEA

Portada pela Piko e distribuída pela QUByte através do selo QUByte Classics, especializado em jogos antigos (e bem obscuros), a coletânea conta com algumas assistências que tornam os títulos mais palatáveis para a audiência moderna.

Aqui está o ouro da coletânea!


É possível utilizar save states para salvar seu progresso (o que é uma ajuda e tanto, dada a dificuldade cruel dos dois jogos), além de opções de tamanho de tela e filtros.

O menu onde é possível acessar save e load states é acessado com R2+L2, permitindo múltiplos espaços de salvamento; neste menu é também possível resetar o jogo ou voltar para a tela de seleção dos dois títulos e remapear os botões.

Sim, o jogo começa na Pré-História


O port também permite o uso de cheats, mas não vá se animando muito não: os cheats são os passwords originais, apenas com a seleção de fases em Second Samurai.

ARTE EM DOSE DUPLA

O estilo gráfico dos dois títulos é bastante díspar: First Samurai possui um gráfico mais simples e bem pixelado, com cores escuras e uma sensação sombria e claustrofóbica, especialmente nos primeiros estágios; já Second Samurai, embora lançado apenas dois anos depois, possui gráficos maiores e mais coloridos e detalhados, passando a impressão de tratar-se de uma geração à frente de seu antecessor.

Um samurai voando num jetpack enfrentando robôs…
A espadada para cima é um dos grandes recursos em ambos os jogos, mas um diferencial contra chefes no primeiro


A trilha sonora também possui aspectos semelhantes, sendo bem mais soturna no primeiro título, com forte característica de chip tune e temática japonesa; o segundo título possui uma qualidade sonora superior, com um estilo mais comum aos títulos da Sega e do Mega Drive, um pouco mais “dançantes” e eletrônicos, utilizando-se da capacidade do chip Yamaha YM2612, que poucas empresas sabiam utilizar para ter uma boa qualidade sonora (para nossa sorte, a Vivid era uma das empresas que entendia do chip).

PLATINA COMPARTILHADA

A platina de TSC é desafiadora, embora tecnicamente simples.
No primeiro jogo, pede-se apenas que se derrote todos os chefes e se obtenha pontuações de 3.000, 10.000 e 100.000 pontos.

Second Samurai é a pedra no sapato da platina, com seus troféus de dificuldade


A complicação vem por parte de Second Samurai, onde é necessário não apenas derrotar todos os chefes, mas também finalizar o jogo nas dificuldades Heroic (Hard) e Samurai (Very Hard).
E não, o troféu Heroic não é obtido finalizando-se o jogo em Samurai; é preciso acabar o jogo nas duas dificuldades, o que irá ser um belo teste de paciência para aqueles que tiverem tal coragem.
O save state é seu pastor e nada lhe faltará!

RESUMO DA ÓPERA:
The Samurai Collection
é uma coletânea trazendo dois títulos não tão conhecidos do público em geral, o que é uma ótima opção para conhecer antigos clássicos escondidos.

A dificuldade brutal de ambos os jogos é um desafio cruel, mas o uso de save states pode ajudar os jogadores a sofrerem (menos).
No entanto, a dificuldade é palpável e estará lá!

Os estilos gráficos diferem muito entre si, sendo o primeiro jogo mais parecido com sua versão de Amiga (embora ainda com melhorias); já o segundo foi reformulado no Mega Drive (versão apresentada na coletânea), com sensíveis melhorias nas cores e resolução.

Uma viagem ao passado dos jogos hardcore desconhecidos, The Samurai Collection desenterra os horrores de uma era onde jogos de plataforma eram um verdadeiro teste para os nervos dos jogadores.





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