
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Warner Bros. Interactive Entertainment (versão PS5)
Distribuidora: Warner Bros. Interactive Entertainment
Produtora: WB Games Montreal
Plataforma: PS5 / Xbox Series S / Xbox Series X / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2022

Gotham Knights é um RPG open world com investigação, onde você controla um dos quatro membros da Batfamília para combater os crimes da cidade como sucessor do Batman.
BATMAN ESTÁ MORTO
(calma, isso não é spoiler, é o começo do jogo)
Após uma intensa luta contra Ra’s al Ghul, já gravemente ferido, o Cavaleiro Negro de Gotham sacrifica-se destruindo a Batcaverna e enterrando-se com ela, levando todos os seus segredos junto.


A Batfamília reúne-se com Alfred no Campanário, a nova sede, para reconstruir a última investigação de seu mentor e continuar o combate contra o crime.
Asa Noturna, Batgirl, Capuz Vermelho e Robin devem carregar um pesado legado deixado por Bruce Wayne.


Mas não foi apenas Batman que morreu, mas também o Comissário Gordon, pai de Barbara (Batgirl).
Quem assumiu seu posto foi Catherine Kane* (prima de Bruce pelo lado de Martha), uma Comissária linha dura, que persegue a Batfamília.
Apesar desta baixa nos reforços, eles ainda podem contar com a ajuda da detetive Renee Montoya, uma policial que aprendeu a confiar no Batman e seus pupilos, ainda que de maneira um pouco reticente.
Neste cenários, os vigilantes são vistos como inimigos da polícia.

*Não confundir com a Kate Kane dos quadrinhos, a Batwoman.
A EQUIPE
Você pode escolher entre um dos quatro membros já citados como seu personagem principal, embora sempre possa trocar de personagem no Campanário.
É possível jogar em coop com outro jogador durante a campanha, mas foi lançado um DLC gratuito (Incursão Heroica) e já incluso via atualização do jogo que permite até quatro jogadores simultâneos.

Cada herói possui algumas missões próprias, que expandem o seu passado.
Como eu joguei focado no Capuz Vermelho, foi a experiência de Jason Todd que acompanhei. Era possível mudar de personagem a qualquer momento no Campanário, mas acabei por me adaptar bem ao personagem.
CAPUZ VERMELHO:
Jason Todd foi o segundo Robin a ajudar Batman, tendo morrido após ser brutalmente espancado pelo Coringa em Batman: Morte Em Família, de 1988.
Talvez o primeiro momento mais chocante no universo DC Comics, a decisão sobre vida e morte de Jason Todd foi escolhida por uma votação do público.
Após o espancamento com um pé-de-cabra, Coringa deixa Robin desacordado em um galpão repleto de explosivos, mas Batman não chega a tempo e só é capaz de carregar o corpo de seu ajudante.


Posteriormente, Todd é revivido por Talia Al Gul no Poço de Lázaro (embora haja pormenores variantes nos quadrinhos) e treinado na Liga das Sombras.
Revoltado com o fato de Batman não ter matado Coringa e afetado psicologicamente pelos efeitos do Poço, ele assume o papel de Capuz Vermelho, agindo como um vigilante brutal, até confrontar Batman e revelar sua identidade.


Saltando aqui alguns acontecimentos, Capuz Vermelho se une à Batfamília, sendo o membro mais revoltado e desobediente, ainda sofrendo com os efeitos mentais do Poço sobre sua personalidade.
ASA NOTURNA:
Dick Grayson foi o primeiro Robin, tendo sido adotado por Bruce após a trágica morte dos seus pais pelas mãos de Tony Zucco. Filho de acrobatas e parte dos Graysons Voadores, Dick teria sua habilidade física como ajuda no treinamento para se tornar o primeiro “Menino Prodígio”, tendo lutado ao lado de Batman por muitos anos.


Algumas diferenças, no entanto, resultaram na separação da dupla, e Grayson, ainda como Robin, juntou-se aos Jovens Titãs.
Lá, ele encontraria seu novo lar e abandonaria o manto de Robin, assumindo um novo uniforme e a identidade de Asa Noturna.


Juntou-se a Damian Wayne (filho de Bruce e Talia) após a suposta morte de Batman, para combater os crimes em Gotham City, mas com o retorno do “morcegão”, acabou por integrar a Batfamília.


ROBIN (TIM DRAKE):
O terceiro Robin é o mais inteligente dos três, mas com menos aptidões físicas.
Investigando a morte dos Grayson Voadores e acompanhando a “Dupla Dinâmica” das sombras, Drake descobre a identidade de Batman e revela o fato após a morte de Jason Todd.


Bruce descobre em Tim um detetive extraordinário, mas temendo outra morte, conduz o garoto por um treino ainda mais severo do que seus antecessores.
Apesar da tenra idade, Drake é um pequeno gênio da computação, hacker com habilidades que superam Batman e aproximam-se de Barbara Gordon.


No arco da Crise Final, quando Batman é dado como morto e seu manto é disputado pelos dois Robins anteriores, Dick Grayson acaba destronando Jason Todd e assume Damian como seu Robin.
Desta forma, Tim Drake assume o manto do chamado Robin Vermelho.
BATGIRL:
Filha do Comissário Jim Gordon, Barbara assume o manto de Batgirl, sendo um gênio da computação e exímia acrobata, trabalhando ao lado de Bruce e Dick.
Embora não seja oficialmente a primeira Batgirl, ganhou popularidade entre os fãs como personagem forte e independente (ao contrário de Batwoman).


No arco A Piada Mortal, leva um tiro de Coringa, ficando paraplégica.
Incapaz de continuar sua vida de combatente ao crime nas ruas e telhados de Gotham, Barbara torna-se Oráculo, informante/ajudante de Batman através de seus altos níveis de conhecimento hacker e tecnológico.


Na realidade de Gotham Knights, no entanto, os eventos como Oráculo não aconteceram, sendo Barbara Gordon a Batgirl, mesmo após a morte de Bruce Wayne e Jim Gordon.
PATRULHANDO GOTHAM
Durante o dia, no Campanário, é possível conversar com outros membros ou com Alfred, mudar o visual da moto, treinar, revisar os Dossiês e mudar de personagem.


À noite, você sai para combater o crime nas perigosas ruas da gótica metrópole.
É possível evitar crimes ao localizar grupos batendo em um policial ou arrombando um carro forte, por exemplo. Nestes crimes espontâneos, basta derrotar os bandidos. É possível também interrogar alguns deles, para obter informações de crimes premeditados.


Premeditados são os crimes com mais objetivos e objetivos secundários, como executar abates silenciosos enquanto desativa bombas presas em reféns ou executar esquivas perfeitas e impedir que os ladrões retirem o dinheiro do carro-forte ou cofre, por exemplo.


Também é possível localizar esconderijos de gangues, identificar quadrilhas hackeando sinais, tráfico de órgãos, entre outros.


Já os Dossiês funcionam como missões mais complexas, semelhantes às missões principais.
Cada um dos Dossiês representa um vilão clássico do Batman, que precisa ser detido através de um arco de missões próprias, envolvendo a investigação de provas e o interrogatório de bandidos até que o confronto final surja.
Arlequina é um destes vilões disponíveis através dos Dossiês.


Para navegar pela cidade, é possível utilizar a Batmoto e o gancho com corda, métodos comuns à toda equipe.
Individualmente, cada herói possui sua técnica, que pode ser combinada com o gancho para o deslocamento aéreo.
No caso do Capuz Vermelho, conforme avança ele desbloqueia o Salto Místico, um “pulo duplo” que cria uma plataforma temporária na qual ele pode tomar impulso no ar.


A viagem rápida não está disponível inicialmente, sendo destravada com a ajuda de Lucius Fox, em uma sidequest que envolve escanear drones de observação da polícia.
Desativados os drones em cada distrito de Gotham, é possível viajar rapidamente entre eles, com a ajuda da Bat-Asa.
EVOLUÇÃO E EQUIPAMENTOS
Há dois tipos de habilidades: as habilidades “normais”, divididas em quatro árvores diferentes, sendo que três delas variam entre os personagens e as habilidades de “Cavaleiro”, comum aos quatro vigilantes da família Batman e as Habilidades de Impulso, poderes mais fortes e que levam mais tempo para recarregarem.


Para conseguir mais pontos, o ideal é sempre realizar os objetivos secundários das missões e combate aos crimes.
Além disto, a completude das atividades secundárias também concede bônus de experiência.
As habilidades de impulso também são individuais, não se repetindo entre os vigilantes.


O nível máximo que um vigilante pode atingir na primeira aventura é nível 30.
No New Game + o limite sobe para 40 e é nele que você poderá completar todas as árvores de habilidades.


Já os equipamentos são divididos entre vestimentas/armaduras, armas de combate direto e armas de combate à distância.
É necessário obter materiais nas lutas e em atividades secundárias para criar novos equipamentos e seus efeitos elementais (quando disponíveis).


No caso específico do Capuz Vermelho, por utilizar armas de fogo modificadas para não matar os adversários, as pistolas funcionam como armas de combate direto (melee) e a munição conta como as armas de combate à distância.
Os modificadores de equipamentos variam entre redução de dano de um elemento, bônus de velocidade ou força, aplicação de dano elemental, etc.


Os modificadores podem ser unificados para o aumento do nível e compartilhamento de bônus.
A raridade dos equipamentos determina a quantidade de modificadores que podem ser incluídos (até o limite de três).
O sistema de raridade, tanto de equipamentos quanto modificadores segue o sistema de cores: Comum (Branco), Incomum (Verde), Raro (Azul), Épico (Roxo), Heroico (Laranja) e Lendário (Amarelo).
Equipamentos lendários possuem mais slots para modificadores, maior quantidade de bônus primários e níveis de evolução próprios.
ATIVIDADES SECUNDÁRIAS
Nem só de combater o crime vive um vigilante.
Diversas atividades secundárias estão espalhadas pelo mapa, algumas com funções específicas, outras apenas pela diversão.

Dentre elas temos as corridas:
Corridas de moto, passando por checkpoints, com alguns saltos inclusos (empina-se a moto com o botão X);
“Corridas” aéreas, pelos telhados de Gotham, também com checkpoints, dependentes da navegação através do gancho e das habilidades aéreas de cada personagem (fica mais fácil após desbloquear e evoluir algumas delas).

Bruce Wayne espalhou algumas gravações para os seus pupilos, escondidas em partes elevadas de Gotham, que são desbloqueadas após percorrer minicircuitos.

As já citadas memórias dos personagens, que são desbloqueadas conforme o avanço da trama.
Cada subtrama destas é individual, falando sobre questões pessoais.
No caso de Jason Todd, sua pouca relação com o restante da Batfamília, uma vez que ele foi ressuscitado algum tempo depois e demorou a se unir ao restante. Algumas sequelas de sua imersão no Poço de Lázaro também são mostradas.


Inserção de informações erradas para a polícia, através do hack em estações nos telhados de alguns prédios.
Desta forma, Batman protegia sua identidade como Bruce Wayne e assim o fazem seus sucessores.

Pontos turísticos de Gotham e painéis pintados em grandes muros funcionam como parte dos coletáveis do jogo.

Favores para aliados também estão disponíveis, como A Guarda (The Watch, um grupo de moradores de Gotham que se aliaram a Batman, ajudando com informações), a detetive Montoya, Lucius Fox e outros.
SANTOS GRÁFICOS, BATMAN!
Bem, aqui temos um dos pontos mais baixos do jogo, justamente a sua capacidade gráfica.
Embora a cidade seja bem retratada e tenha civis nas ruas (não apenas criminosos e policiais, como na série Arkham), a parte gráfica não impressiona.

O jogo roda a 30fps (o que por si só não seria um problema pra mim), mas assemelha-se muito a um jogo de PS4 e Xbox One.
No entanto, o título só está disponível para os consoles de nova geração.

Especialmente quando o colocamos lado a lado com Batman Arkham Knight, o downgrade é bastante perceptível.
A trilha sonora, por outro lado, é grandiosa, digna de carregar o legado do Homem Morcego.
Belamente orquestrada, ela ganha mais destaque durante as missões principais, com tons épicos, aparecendo menos durante a navegação pelas ruas de Gotham.
A dublagem em inglês também ganha destaque com um ótimo trabalho de Michael Antonakos, com o difícil papel de substituir o eterno Batman de Kevin Conroy (já falecido, mas que ainda atuou em Suicid Squad Kill The Justice League, título ainda não lançado); Kari Wahlgren, como Arlequina; Gildart Jackson como Alfred; Elias Toufexis como Pinguim; Krizia Bajos como Renee Montoya e Emily O’Brien como Talia al Ghul, dentre outros.

PLATINA PÓSTUMA
A platina de Gotham Knights não é realmente difícil, embora envolva um certo grinding.
Além dos troféus relacionados à trama principal e aos Dossiês, você deve jogar com todos os membros da família, atingir o nível máximo com um personagem (disponível somente no NG+), completar os 16 treinos, encontrar todos os áudios de Bruce e todos os Batarangs espalhados pela cidade, completar todas as corridas de moto, atingir o nível de Cavaleiro com um personagem e equipar um set de itens lendários (Vestimenta, Arma de Combate Direto e Arma de Combate à Distância), dentre outros desafios que envolvem mais alguns coletáveis e desafios específicos de combate.

Adicionalmente, o modo Incursão Heroica possui um set de troféus separado, focado no cooperativo para até quatro jogadores, envolvendo enfrentar versões mais fortes dos vilões e completar 30 andares de desafio.
RESUMO DA ÓPERA:
Gotham Knights é um jogo que se encaixa na categoria ame ou odeie.
O título foi massacrado no lançamento por muitos reviews e jogadores, mas ao longo do tempo foi encontrando fãs, incluindo eu, que afinal de contas coloquei o selo de recomendado no jogo.
A verdade é que GK sofre de alguns problemas, mas a pressão de ser um spin-off da série Arkham parece ter pesado mais do que deveria em algumas avaliações.
É bem verdade que o jogo possui gráficos normais, pouco impressionantes em sua maior parte (e que não justificariam suas versões apenas para nova geração).

Mas a trama é boa e evolui significativamente conforme mais elementos vão sendo adicionados.
A Gotham deste jogo é viva, com civis para todos os lados, ao contrário da cidade apenas com vilões e policiais, como na série Arkham.
Os vigilantes da Batfamília, que começam sendo encarados como uma ameaça, vão recebendo reconhecimento dos civis e mesmo de policiais, conforme o jogador avança e resolve mais crimes.

O principal fator para o selo de recomendado nesta análise se deu pela forma como o jogo evoluiu.
Comecei a jogar ainda desconfiado, dadas as críticas que o título recebeu; mas como sempre ressalto em alguns textos do Filosofando, eu gosto de ter a experiência do jogo todo para poder falar com propriedade.
E enquanto eu progredia e novos modos de navegar pelos mapas e atividades extras (além de facções) eram adicionadas, eu me peguei cada vez mais “viciado”.
Por quatro dias, eu joguei apenas este jogo, e isto é mais do que prova da diversão que tive com ele.
Gotham Knights é uma experiência interessante, especialmente para fãs do universo Batman, que brilha de forma discreta em sua fórmula.
Claro que aqueles cansados de open worlds provavelmente não apreciarão o título, mas se você jogar com a mente aberta, garanto que vai encontrar horas de diversão aqui.

P.S.: Não sei se isto foi realmente intencional, mas conforme jogava, a impressão de que os quatro vigilantes faziam um paralelo com as Tartarugas Ninja foi ficando mais forte.
Asa Noturna é o líder, trajando azul (Leonardo), Capuz Vermelho é o revoltado do grupo (Raphael), Batgirl é o gênio do grupo, trajando roxo (Donatello) e Robin é o mais jovem do grupo, servindo de alívio cômico entre eles e trajando amarelo (Michelangelo).