
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Dear Villagers (versão PS5)
Distribuidora: Dear Villagers
Produtora: Fallen Leaf / Black Drakkar Games
Plataforma: PS5 / PC / macOS (em breve)
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2023

Fort Solis é um jogo de investigação/walking simulator onde o engenheiro Jack Leary atende a um chamado de emergência na base marciana de Fort Solis, aparentemente abandonada pela tripulação.
UM CHAMADO ROTINEIRO
Jack Leary e Jessica Appleton estão realizando manutenções em antenas de comunicação ao longo de Marte, reparando estragos causado por tempestades de pedregulhos.
Ao receberem uma chamada de emergência devido à queda de energia na base de Fort Solis, Jack vai para o local em seu veículo elétrico (VTL), enquanto Jessica dá suporte por áudio.


Chegando à base, Jack encontra o local trancado devido ao sistema de emergência ter entrado em ação.
Sem outras alternativas, ele escala uma parede rochosa para encontrar uma entrada alternativa.


Ao explorar o local, ele descobre uma base aparentemente abandonada, onde um desentendimento entre os membros devido à pesquisa parece ter dado início a conflitos e paranoia.


Munido de uma multiferramenta em seu braço esquerdo, Jack pode baixar dados de computadores, arquivos de áudio (através de cartões microSD) e ferramentas dos membros da equipe encontradas.
PROBLEMAS NO PARAÍSO
Através das mensagens de áudio, os e-mails trocados entre os membros de Fort Solis e os áudios, ele descobre uma pesquisa, chefiada pela Dra. Helen Dunpart, a quem o médico Wyatt Taylor acusa por negligência devido a problemas de saúde por parte de sua equipe.


Fort Solis é uma experiência narrativa focada na exploração dos ambientes da base, com pequenos puzzles e quick time events que o ajudarão a progredir na trama.
Apesar de linear, é possível perder-se em alguns momentos, nos diferentes níveis da base, enquanto explora áreas em busca de mais coletáveis.


As portas podem ser restritas por níveis de segurança, precisando os cartões de acesso correspondente serem escaneados pela ferramenta no braço de Jack.
Algumas portas foram desativadas com a remoção de um componente do painel, sendo necessário para isto o uso de células de energia I5; outras podem ser hackeadas com um puzzle de quick time event rítmico, onde os botões precisam ser pressionados seguindo o ritmo da onda de energia no painel.


É possível caminhar pela superfície do planeta, embora a maior parte da trama se passe dentro dos compartimentos e cômodos da base.
Embora solitário, Jack tem a companhia de Jessica pelo rádio, constantemente trocando provocações e ironias.
FOTORREALISMO ESPACIAL
O gráfico do jogo é um de seus pontos altos, utilizando a Unreal Engine 5.2, com rostos convincentes, partindo para um realismo aliado a traços levemente exagerados, o que dá credibilidade aos personagens, sem causar o famoso uncanny valley (o estranhamento de rostos digitais). Apesar da base aparentemente vazia, os vídeos gravados pelos integrantes são encontrados em profusão, relatando o clima de tensão que se instaurou.


Os cenários são claustrofóbicos, com muita escuridão e luzes que ligam-se apenas quando você adentra os cômodos, causando uma constante sensação de suspense. As luzes de emergência, em vermelho, também fazem constantes aparições.


A dublagem também merece destaque, pelo excelente trabalho de interpretação dos personagens, com destaque para Roger Clark (Jack Leary), Julia Brown (Jessica Appleton) e Troy Baker (Wyatt Taylor). Jessica, em especial, será bastante ouvida por ser a voz constante na cabeça de Jack, em discussões sobre filmes de zumbis.
A trilha sonora é soturna, misturando elementos “futuristas” e trechos mais sombrios, criando um ambiente de tensão, aliada à ótima engenharia de som nos corredores escuros da base. Ao lado de fora, na superfície do planeta vermelho, o som constante da tempestade fustiga o protagonista em suas expedições ao ar livre.
CORREDORES PLATINADOS
Por se tratar de uma experiência mais focada na trama, a platina de Fort Solis é relativamente simples, girando em torno dos coletáveis do título: bandeiras, pôsteres, arquivos de áudio e vídeo.


Afora estes, interações com alguns objetos em específico e a conclusão dos capítulos são os troféus restantes. Há dois finais e troféus para ambos.
Embora o jogo não possua seleção de capítulos, é possível voltar e explorar praticamente toda a estação a partir do último save, então o jogo não possui troféus que possam ser perdidos.
RESUMO DA ÓPERA:
Fort Solis é uma experiência sólida em termos de narrativa, com um clima constante de tensão, mas mostra-se um tanto simplório em termos de gameplay, com alguns puzzles e quick time events durante a jornada.
Há de se dizer que os QTEs são repentinos e às vezes um tanto confusos, como o caso das cordas para serem acopladas ao traje durante escaladas ou para sobreviver à ventania (R1+L3 e L1+L3, com movimentos de giro no analógico). Os QTEs de combate giram em torno de Quadrado, R1 e L1, dando pouco tempo de reação ao jogador; por outro lado, os QTEs não influenciam tanto no gameplay, em geral atrasando o jogador mais do que realmente mudando o rumo da narrativa (com exceção do final alternativo).

No que tange à arte, entretanto, o título é um deleite, tanto visual quanto sonoramente.
Os personagens possuem aparência crível e detalhada e os cenários possuem um ótimo trabalho de luz e sombra, criando ambientes sombrios.
A trilha sonora possui seu quê de sinistro e mescla-se bem aos sons ambiente; a dublagem faz um ótimo papel, com destaque para as vozes de Roger Clark, Julia Brown e Troy Baker.

Fort Solis é uma experiência narrativa consistente ao retratar a paranoia de uma equipe isolada em uma base marciana, mas tem seus deslizes quanto ao gameplay mais simples, lugar-comum entre os walking simulators.
A trama e a arte sustentam o título, que se favorece de uma duração curta, sem enjoar o jogador.
Fort Solis é melhor apreciado em grandes sessões (ou mesmo em uma única, se você estiver com algumas horas livres).
Gostei da ideia, parece ser interessante pra uma jogatina bem casual.
A ideia e a mecânica lembra heavy rain, visualmente é bem atrativo, pretendo jogar!