
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Sometimes You (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Sometimes You
Produtora: Sergey Noskov
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series S / Xbox Series X / Switch / PC / Mac OS / Linux
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2016 /2022

35MM é um walking simulator com elementos de survival, passado em um mundo devastado por uma pandemia.
Você é Petrovich, um sobrevivente no mundo pós-apocalíptico devastado por uma pandemia, acompanhado e/ou guiado por um companheiro sem nome, percorrendo os confins da Rússia.
Na mochila, o protagonista carrega uma faca, uma lanterna e uma câmera fotográfica com filme de 35 milímetros (AHÁ!), todos os outros recursos devem ser coletados durante a jornada.


35MM é um jogo um tanto confuso em sua proposta.
Ele navega entre diferentes gêneros em diferentes momentos da aventura.
Walking simulator, survival, terror, puzzle, tiro em primeira pessoa… Há muitas variáveis na equação do gameplay.


Os recursos essenciais são itens de cura, pilhas para a lanterna e alimento.
Você encontra eles em algumas casas, seja em gavetas ou mesas, mas muito já foi saqueado anteriormente. Há também algumas armadilhas, bombas com barbantes para ativar a detonação ao toque, escondidas em algumas portas.


O menu é ativado com R1, sendo lá onde você pode selecionar os itens para uso pressionando X sobre eles para equipar ou desequipar as armas (faca ou pistola e rifle, pegos durante a campanha); o mesmo vale para os consumíveis, que são gastos no próprio menu.
A lanterna é acionada com R3 e eventualmente uma luz ultravioleta é encontrada e funciona com R3 + Triângulo, alternada com a lanterna convencional. Em ambos os casos, o uso deve ser controlado para que as pilhas não sejam gastas inutilmente.


Durante a exploração, é possível encontrar jornais que falam mais sobre a pandemia e cartas deixadas por antigos moradores, que podem conter relatos, avisos ou mesmo senhas importantes.
É possível ajudar alguns NPC’s em tarefas, seja salvando-os em combate (funcional através de quick time events) ou tarefas menores, o que rende pontos de moral, também obtidos através da coleta das já mencionadas cartas.
Este sistema de pontos de moral influencia em qual dos finais você pode obter, mas o jogo não ensina sobre eles; sempre que ganhos, você verá um rápido brilho branco na tela.


O jogo se passa em boa parte nas paisagens russas abandonadas, em florestas e pequenos vilarejos. Nestas áreas, o seu companheiro geralmente indica o que fazer ou procurar e Petrovich eventualmente pensa nas ações plausíveis (representado pelo asterisco antes da frase).
Entretanto, ao adentrar a cidade maior, já próximo ao final, as opções de exploração aumentam e as dicas são reduzidas, fazendo com o que o jogador possa perder-se com mais facilidade. Este fato acontece com maior facilidade caso você perca-se do seu companheiro de viagem, o que ocorre dependendo de algumas das suas ações prévias.


Graficamente, 35MM é um jogo pobre, com modelos de personagens feios e com pouco polimento, sem muita expressão nos olhos e com eventuais glitchs gráficos (o olho de Petrovich nas cutscenes, por exemplo). A movimentação também é estranha, especialmente durante o combate manual, um tanto quanto desengonçado.
As sequências de tiro são mais funcionais, embora a mira também pareça um pouco lenta, mas nada que realmente comprometa.


A dublagem em russo é boa e convincente.
A trilha sonora varia entre músicas experimentais e atmosféricas e momentos de ausência, onde apenas o som ambiente preenche o espaço.
Estes momentos, onde apenas os pássaros na mata, o som do mato sendo amassado pelos passos e o barulho da chuva podem ser ouvidos, brilham com um ótimo uso de som ambiente, aumentando a tensão do jogador.
A platina do título é um tanto complexa, exigindo várias runs para obter todos os finais, além de ações específicas durante a trama, algumas difíceis de entender em uma primeira jogada.
O jogo não possui seleção de capítulos, então será preciso recomeçar do zero (deletando o save, pois não há como iniciar um novo jogo via menu), mas a jornada é relativamente curta e você vai saber melhor o que fazer ao jogar pela segunda vez.

RESUMO DA ÓPERA:
35MM foi um jogo complicado de analisar.
Em geral, eu foco nas partes boas dos títulos e tento não dar tanta atenção aos problemas, caso eles sejam pequenos ou insignificantes.
Aqui, entretanto, eles acabam por sobressair-se em muitos aspectos, chegando ao ponto de eclipsar as qualidades.
A narrativa do título é um tanto quanto vaga e os objetivos são confusos, fazendo com que ficar desorientado seja uma constante em determinados locais.
A câmera, que permite bater fotos de momentos escolhidos pelo jogador (e dá nome à obra), tem pouca relevância em termos de mecânica, possuindo algum sentido no final.
O combate atrapalhado e as constantes mudanças de gameplay acabam por deixar a obra fragmentada, sem um propósito claro.
Sejamos honestos, o jogo foi feito por uma única pessoa (e mais o compositor), o que explica boa parte dos problemas do título.
35MM é um título curioso, com um mundo e lore interessantes, perdido em mecânicas divergentes e uma trama vaga.