
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Mojiken (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Mojiken
Produtora: Toge Productions / Chorus Worldwide Games Limited
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox Series X / Xbox Series S / Switch / PC / Linux
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2023

A Space For The Unbound é um jogo de aventura/point and click passado na Indonésia dos anos 90, onde um casal faz uma lista de desejos a serem realizados antes do fim do ensino médio.
A PRINCESA ESTRELA DO SUL
Nirmala é um menina criativa, que está escrevendo um conto sobre a sua heroína, a Princesa Estrela do Sul, junto de seu amigo, o jovem Atma.
Escondida em sua base, um ônibus abandonado, ela desenha a aventura, pois seu pai não gosta que ela desperdice o tempo com isto.
Atma, por outro lado, aparentemente abandonou a própria casa, sendo agora o coautor da trama.


Certo dia, Nirmala cai em um rio próximo e, para salvá-la, Atma pula na água, mas acaba se afogando.
Ele acorda em uma escola, onde Raya, sua namorada, diz que ele adormeceu novamente durante a aula.
Ainda confuso, ele segue Raya para fora da sala de aula, quando são interpelados pelo professor Agung, que lhes chama a atenção por ainda não terem feito sua Orientação de Planejamento Futuro e entrega para ambos um formulário a ser preenchido.
Eles viram a folha e fazem atrás dela uma lista de desejos que querem realizar antes de concluir o ensino médio.


DIMERVENÇÃO
Nirmala havia dado a Atma o Grimório Rubro, que ele ainda possui na realidade com Raya, acreditando ter apenas sonhado com a pequena escritora.
O Grimório permite que ele acesse as emoções de uma pessoa, modificando seu comportamento ao lidar com algum trauma do passado ou desejo reprimido que o alvo carregue em sua mente.



Atma, no entanto, não é o único a conseguir alterar a vontade de outras pessoas com um poder; Raya também consegue fazê-lo, ao concentrar-se. O poder da garota, contudo, acaba por enfraquecê-la e parece afetar o tecido da realidade.


Atma começa a viajar entre as duas realidades: o mundo de Nirmala e o mundo de Raya, sem saber ao certo qual dos dois é real e tendo de lidar com distúrbios na realidade, como pessoas esquecendo a existência de alguns personagens ou agindo de forma não convencional, assumindo uma identidade diferente da sua habitual.
LOKA TOWN
Loka é uma cidade indonésia dos anos 90, dividida em pequenas áreas onde você navega em 2D, tendo de lidar com desafios onde muitas vezes um caminho é bloqueado e pede o convencimento e/ou ajuda de algum cidadão para poder progredir ou pegar algum atalho.
Estes favores funcionam através da entrega de itens ou do uso de dimervenção.


Apesar de inicialmente apenas um point and click, o jogo possui variantes no gameplay, como um sistema de luta com uso de prompts de comando para os ataques e uma barra com cursor que deve ser pressionado no momento certo para defesa: este sistema de luta funciona para o arcade e também para as lutas reais do jogo.
Há também pequenos segmentos stealth.



Em um ponto da aventura, Atma passa a poder interagir com diferentes realidades/linhas temporais, cruzando portais em busca de alternativas para os desafios, sendo buscar itens em outro período, abrir atalhos no passado para atravessá-los no futuro ou convencer NPC’s a mudarem de opinião em uma era para afetar outra.


Uma série de gatos pela cidade podem ser acariciados e também agem como guias, uma vez que passam a falar com o protagonista.
Alguns NPC’s participam mais ativamente da aventura, como Marin e Lulu.
BELEZA RURAL
O gráfico de A Space For The Unbound possui um belíssimo estilo 2D pixelado, com personagens vivos e carismáticos, além de majestosos cenários, que variam entre a paisagem natural de Loka até realidades na mente dos personagens.


O jogo conta com uma série de cutscenes em outras perspectivas, além de referências a personagens do mundo real e dos games.
Provavelmente há mais referências locais, que os indonésios consigam identificar.


A trilha sonora também é marcante, com um clima melancólico, que reflete bem a natureza introspectiva do jogo.
Não há vozes, então o som do jogo consiste em um contínuo teclar das letras faladas, característico dos jogos antigos de RPG.
O título está completamente localizado para o português, com um ou outro erro, mas nada que comprometa o entendimento.
PLATINANDO A LISTA DE DESEJOS
Os troféus de “A Space For The Unbound” giram em torno de completar a lista de desejos de Atma e Raya, além de outras atividades adicionais, como fazer 70 embaixadinhas com a bola e 1700 pontos em Future Fighter (o jogo de luta no arcade); os demais troféus giram em torno da trama, incluindo assistir a cena bônus (que só é obtida ao completar todos os itens da lista).


Embora tecnicamente seja possível platinar o jogo em uma única jogada, alguns itens da lista são mais difíceis de serem concluídos sem um guia, como coletar as 20 tampas de garrafa.
RESUMO DA ÓPERA:
A Space For The Unbound é uma obra prima pixelada, passada em uma cidade rural indonésia dos anos 90.
Viajando entre realidades alternativas, Atma parte em uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta ajudar Nirmala e Raya com seus problemas.


A beleza levemente melancólica da arte e da trilha sonora torna a experiência mais leve (na medida do possível) enquanto a trama aborda assuntos pesados como abandono, bullying e depressão.
Fazia algum tempo que eu não me emocionava tanto com um jogo quanto nos capítulos finais.
Tanto “cisco caindo no olho” que eu mal enxerguei os créditos…