Você já deve ter notado que não utilizamos a classificação por notas em nossos reviews.
Embora cada um possa ter suas próprias razões, em comum temos o sentimento de que jogos não devem ser avaliados por números.
Sites como Metacritic, Opencritic e Rotten Tomatoes fazem sucesso agregando diversas notas da crítica especializada e de fãs/consumidores.
E muitas pessoas baseiam suas opiniões de consumo nestas médias de notas.
O problema de agir desta maneira é ignorar as qualidades e defeitos do produto, descritos em um review.
Sim, os textos estão lá, disponíveis para serem lidos, mas nós todos sabemos que a grande maioria vai apenas atrás do número no final da página.
Desta forma, valida-se aquilo que se gosta e “prova-se o ponto” sobre aquilo que se detesta.
Mas como quantificar uma experiência em números?
A prática não é nova, as antigas revistas de jogos já a utilizavam.
No entanto, qualquer opinião é subjetiva e os números são exatos.
Como você diferencia um jogo 6 de um jogo 7, em estilos diferentes? O jogo 6 é necessariamente pior que o jogo 7, mesmo que um seja de terror e o outro de corrida?
E quem escreveu o review? O mesmo redator? Se sim, ele entende e gosta igualmente de ambos os gêneros? Ou seu gosto pessoal irá afetar as notas de diferentes maneiras?
De igual forma, diferentes redatores possuem diferentes experiências e gostos, então como igualar e comparar notas de diferentes pessoas?
O correto seria existir um redator chefe no site ou na revista, que avaliaria tais critérios (além do texto em si), mas isto só adiciona mais uma pessoa na cadeia de quantificação.
As coisas ficam ainda piores dependendo do critério de notas.
Sites que usam décimos, como isso é calculado? Em um gráfico 8,50, o que são os outros 0,50 que o impedem de valer um 9?
E se um site usa uma nota máxima 5 e outro vai até 10, como igualar as notas para compará-las?
Isso é um problema apenas de sites especializados, porque no campo dos fãs, a coisa pode ficar muito mais complicada.
Na teoria, o público tende a refletir melhor a opinião do jogador médio, sendo mais confiável.
Fanboys e review bombs, no entanto, atrapalham também este critério.
Quem acompanha notas de exclusivos de Xbox e PlayStation já sabe como o método funciona: assim que o jogo é anunciado ou entra para o agregador, passível de receber avaliação, os fanboys da marca dão notas máximas para elevar a média, enquanto os haters darão notas baixas (geralmente na casa do 0 ou 1), para baixar a média.
Reviews podem também ser impactados por alguma situação da empresa desenvolvedora ou publicadora, seja o crunch antes do lançamento, acusações de assédio moral e/ou sexual de funcionários ou mesmo o uso de lootbox.
Revoltados, os jogadores derrubam a média, forçando reviews extremamente negativos.
A revolta é válida, mas o melhor protesto é sempre o da carteira.
Afora o que foi citado acima, falhas nos sistemas de métrica dos sites permitem, por exemplo, que reviews possuam nota 0, para ficarem em destaque nos reviews negativos do títulos.
Um dos motivos de ter começado a escrever reviews foi o meu descontentamento com muitas análises que lia de alguns sites grandes.
Na pressa de entregar o review para o lançamento do jogo, muitos redatores correm com a análise, ignorando mecânicas, não as aprendendo ou mesmo não entendendo o jogo (em casos piores, sequer terminando o título).
Isto gera reviews estéreis, onde a pessoa claramente não avançou o suficiente ou entendeu determinado conceito, apenas para entregar o review a tempo e ter mais visualizações.
Por estas razões, não utilizo notas em meus reviews.
Apenas cito aquilo que gostei e não gostei e você tira sua própria conclusão quando jogador.
Não confie apenas na minha opinião, vá atrás de outros reviews para o mesmo jogo, visite outros sites, leia outros redatores e decida quem de nós tem a razão.
Mas não esqueça, enquanto produto subjetivo, o mesmo jogo pode despertar diferentes emoções em diferentes jogadores, afinal… números são medidas exatas e não devem quantificar experiências.