
ALERTA DE SPOILERS!!!
Nesse texto abordarei as adaptações e mudanças da série da HBO, The Last Of Us, com relação ao jogo.
Portanto esteja avisado que haverão spoilers de toda a série!!!

Ok, você já teve o aviso!!!
Neste último domingo (12/03/23), foi ao ar o último episódio da primeira temporada de The Last Of Us.
Algumas adaptações são necessárias quando uma transição de mídias acontece.
Os combates e os infectados tiveram sua participação reduzida e o foco voltou-se mais para a parte dramática do jogo.

A série começa muito bem, com um programa nos anos 60 abordando a possibilidade de uma pandemia; um dos cientistas presentes defende que uma pandemia causada por um fungo seria o fim da humanidade.

Embora não seja citado nesse momento, o fungo a que se referem é o Cordyceps, um tipo que “ataca” insetos e se espalha por ninhos, infectando o maior número de hospedeiros possíveis.
Ao final do processo, a vítima vai para o ponto mais alto possível para que os esporos sejam espalhados e alcancem mais hospedeiros em potencial.

Na série, os esporos não estão presentes, provavelmente por uma questão logística, mas eu ainda acho que deveriam estar presente, nem que fosse utilizado em apenas uma cena com as máscaras de oxigênio.
Ao contrário dos jogos, na série a infecção começa por uma disseminação do fungo através de estoques de farinha, na Indonésia.
É uma “explicação” que não existe no jogo e nem acho que seria necessária, mas ficou interessante.

Agora a modificação que eu menos gostei foi o comportamento do fungo em si, com relação à conexão com a terra. Na série ramos saem de um infectado que detecte alvos e se comunica com infectados em outra área.
É uma adição que não parece ter um propósito claro de existência, quando só o som seria o suficiente para alertar.

Essa conexão é usada apenas uma vez, para que os infectados ataquem o capitólio e a Tess se sacrifique, já que aqui a morte dela não se dá pela FEDRA.
O problema dessa criação é que, quando a Ellie encontra um infectado soterrado e o mata lentamente com a faca, em nenhum momento vemos os ramos saindo de sua mão, ou seja, essa adição causou um furo de roteiro.

Temos também o polêmico episódio 3, que modifica significativamente o arco de Bill e Frank.
Esse episódio é um filler na série, mas não me incomodou, pelo contrário: criou uma situação interessante, já que o Frank é apenas um cadáver enforcado no jogo.
Mas como tudo na vida gira em torno de uma escolha e uma perda, embora o sacrifício conjunto do casal seja tocante, a interação entre Bill e Ellie não aconteceu.


Sam foi colocado como surdo na série e mais novo que a Ellie. O arco dele e do irmão Henry é bem respeitoso, embora difira em muitos pontos.
Há uma (boa) justificativa para ambos estarem sendo perseguidos aqui, enquanto no jogo eles apenas estavam atravessando a cidade.


Aqui temos a personagem Kathleen, uma adição da série com um arco de vingança contra os irmãos.
É uma personagem que eu não consigo decidir se gostei ou não: a motivação dela é genuína e a atriz é muito boa, mas o caráter da personagem não condiz muito com o clima.
Apesar disto, sua conclusão gera uma das cenas com mais ação da série em uma horda de infectados, com a aparição do único Bloater (Baiacu).

No episódio com o encontro entre Joel e Thommy, descobrimos que o irmão mais novo será pai e, embora tenhamos a icônica discussão entre Joel e Ellie, não temos a fuga da garota a cavalo.
Ok, justificado, já que a série teve uma curta duração.
Temos também o diálogo onde Maria revela à Ellie que Joel perdeu a filha, fato que no jogo só é citado.
A cena do Joel sendo ferido perdeu bastante o impacto do jogo, o que é uma pena, mas é justificável pela rapidez da trama, embora uma faca talvez fosse melhor do que o cabo de um taco de baseball quebrado.

O episódio com a Riley foi até bem fiel, baseando-se no DLC Left Behind, com as diferenças de aqui termos Mortal Kombat jogável e o kit de primeiros socorros na mesma casa onde Ellie abrigou o Joel ferido.

David é retratado como um pastor com moral duvidosa e um temperamento agressivo.
O pai de uma menina que foi morto por Joel não pode ser enterrado no inverno pois a terra está muito dura e só será sepultado na primavera… mas fica no ar se ele está sendo comido durante a ceia ou será logo mais.
A cena de tortura de Joel com os dois capangas está presente, com direito à faca torcida no joelho.
O combate entre Ellie e David na churrascaria é rápido, mas o fogo é causado por uma brasa que a garota atira no sujeito, uma desculpa meio improvisada que poderia ser melhor explicada com ela esbarrando em alguma braseiro ou algo do tipo.

O capítulo final mostra a famosa cena da girafa, mas sem o afogamento de Ellie, sendo que os Vagalumes jogam uma granada de atordoamento.
Em seguida, Joel entra em modo vingança e resgate dentro do hospital, matando vários soldados e o médico, além de Marlene, claro.
A temporada encerra com Joel jurando em falso, assim como no jogo.

Como participações especiais dos atores originais, tivemos Jeffrey Pierce (a voz do Thommy original) como Perry, o segundo em comando de Kathleen; Merle Dandridge como Marlene, reprisando seu papel do jogo; Troy Baker (voz original de Joel) como James, o ajudante de David e Ashley Johnson (a voz de Ellie) como Ana, a mãe da protagonista.
Ah, e Laura Bayley, a dubladora de Abby, do segundo jogo, como uma das enfermeiras dos Vagalumes.


No geral foi uma série bem competente em sua adaptação, com uns desvios aqui e ali, alguns necessários, outros não.
A segunda temporada já está confirmada e… bem, é esperar para ver o que terá de diferente, já que o segundo jogo é o ponto de ruptura na base de fãs.