
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Koei Tecmo (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Koei Tecmo
Produtora: Koei Tecmo (remaster) / Tecmo / Grasshopper Manufacture / Nintendo SPD (versão original)
Plataforma: PS4 / PS5 / Switch / Xbox One / Xbox Series S / Xbox Series X / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2023

Fatal Frame Mask Of The Lunar Eclipse é a versão remasterizada do quarto jogo da franquia Fatal Frame/Project Zero, lançado originalmente em 2008, para Wii, apenas no Japão.
Três jovens retornam à ilha Roguetsu, onde foram capturadas durante um festival tradicional, tendo sido libertadas por um investigador, com as memórias apagadas.
ILHA ROGETSU
A ilha Rogetsu abriga um folclore peculiar, com a realização do Rogetsu Kagura, um ritual ligado à Lua e aos mortos.
Há cada 10 anos, durante o eclipse lunar, o ritual é realizado, quando as almas dos mortos descem para o Reino Sagrado, sendo purificadas.

Entretanto, em um dos rituais na ilha, cinco meninas desapareceram, sendo posteriormente encontradas pelo detetive Choshiro Kirishima, a pedido de Sayaka, mãe de Ruka Minazuki.
Dez anos depois, Tomoe Nanamura e Marie Shinomiya morreram misteriosamente.
Misaki Aso sente-se compelida em retornar à ilha, junto de Madoka Tsukimori; Ruka também retorna à ilha, apesar dos apelos de sua mãe, Sayaka Minazuki.
A SÍNDROME DA LUZ LUNAR
O jogo se passa na ilha Rogetsu, mais precisamente no antigo sanatório Rogetsu Hall, que também abriga uma pequena ala de museu, em homenagem ao Dr. Kunihiko Aso, ocultista criador da Camera Obscura (e personagem tradicional da série).


Rogetsu Hall é ligado à enfermaria Haibara, hospital que utiliza medicina moderna e antigas técnicas espirituais para tratar pacientes que sofrem da Síndrome da Luz Lunar (Moonlight Syndrome).
A Síndrome afeta moradores da ilha Rogetsu, causando perda de memória, sonambulismo e medo de espelhos, além de delírios, sendo influenciada pelas fases da lua.

Restrita à ilha, a Síndrome parece ter ligação com o ritual Rogetsu Kagura que foi mal executado em uma de suas edições.
O diretor Shigeto Haibara tentou a cura através de métodos não-convencionais, incluindo musicoterapia e procedimentos cirúrgicos em seus pacientes.


COMBATENDO ESPÍRITOS
Kunihiko Aso foi um renomado ocultista que se especializou em registrar momentos do passado e a presença de espíritos através de sua criação mais famosa, a Camera Obscura.
Artefato presente em toda a franquia, a câmera é capaz de causar dano aos espíritos e absorver sua energia, podendo ser modificada com diferentes tipos de lentes, que utilizam a energia capturada dos espíritos para exorcizá-los mais rapidamente, deixá-los lentos, etc.


Os upgrades na câmera podem ser feitos através do uso de cristais azuis (peças) e vermelhos (lentes).
As lentes são encontradas durante a jornada, sendo algumas especiais, disponíveis para compra apenas após finalizar o título uma vez, com o uso dos pontos acumulados durante a jornada.
Estes pontos também servem para a compra de itens de cura e filmes especiais durante o jogo, nas luminárias que servem de ponto de salvamento.


Aqui temos uma novidade: a Lanterna da Pedra Espiritual (Spirit Stone Flashlight), um artefato concedido a Choshiro por Sayaka.
Ao contrário da Camera Obscura, a Lanterna não precisa de filmes para causar dano, alimentando-se apenas da luz da lua.
Um artefato muito poderoso, a lanterna tem como ponto fraco o fato de precisar recarregar a energia da lua após ser usada várias vezes, o que pode ser fatal no meio de combates.


A lanterna também possui upgrades, incluindo uma lente capaz de fotografar, útil para registrar espíritos do passado, barreiras espirituais (que revelam através da foto o objeto responsável pela proteção) e bonecas Hozuki (coletável do jogo que serve como filtro espiritual das casas da vila).
A função de câmera na lanterna, no entanto, precisa ser alternada para ser utilizada.
EXTRAS
O jogo conta com dois finais, sendo o verdadeiro apenas assistido ao finalizar o jogo nas dificuldades mais altas.

O título possui um sistema de missões, reprisando batalhas contra chefes, agora com condições pré-determinadas e tempo, o que irá estabelecer a nota obtida em cada batalha e os itens ganhos como premiação.


Roupas e adereços podem ser comprados para os personagens, muitos desbloqueáveis apenas após finalizar o título uma vez e/ou cumprir determinados desafios.
Da mesma forma, as já citadas lentes especiais também pode ser compradas, seguindo condições semelhantes, sempre utilizando a pontuação obtidas através dos capítulos.


Snap Mode é uma variação do Photo Mode de outros títulos, com diversos filtros e opções de câmera, além de aparições espectrais que podem (ou não) ser posicionadas.
ARTE LUNAR
O estilo artístico e gráfico segue o padrão da série, com arquitetura japonesa combinada com arquitetura europeia.
As personagens femininas parecem particularmente vulneráveis, tanto em aparência quanto em movimentação, reforçando a fragilidade das protagonistas da franquia. Mesmo o personagem masculino mostra-se lento em sua corrida.


Apesar das melhorias em resolução e no modelo dos personagens, Mask Of The Lunar Eclipse ainda é um remaster de um jogo de 2008, lançado para o Wii.
Isto fica evidente nas texturas de objetos do cenário, algumas bastante pixeladas.
A diferença é mais visível quando comparado ao remaster de Fatal Frame: Maiden of Black Water (cujo review você pode conferir aqui).


A trilha sonora é composta por canções atmosféricas e sombrias, bem como belos temas no piano.
Uma das mecânicas do jogo inclui tocar músicas com Ruka, através de uma sequência de prompts representando as teclas do piano através de comandos no controle.
A engenharia de som também faz um belo trabalho, com os habituais gemidos e grunhidos dos espíritos e os sons súbitos para pegar o jogador desprevenido.
Ao morrer, a tela de game over reproduz um curioso som de batidas, que depois percebi tratar-se do som da máscara sendo esculpida na madeira (bela sacada dos desenvolvedores).


PLATINA ASSOMBRADA
A platina de Fatal Frame 4 é bem desafiadora e vai consumir um belo tempo do jogador.
Em linhas gerais, ela pede que o jogo seja finalizado na dificuldade Nightmare (desbloqueável após finalizar no Hard), fazer o upgrade completo de todas as câmeras e da lanterna, coletar todos os documentos, fitas de gravação, tirar foto de todos os espectros e todas as bonecas Hozuki.
É necessário finalizar o título pelo menos duas vezes.


RESUMO DA ÓPERA:
Fatal Frame Mask Of The Lunar Eclipse é o resgate do título “perdido” da franquia, tendo permanecido apenas na versão Wii do Japão por 15 anos.

Embora os títulos da franquia possam ser jogados sem conhecimento prévio, Lunar Eclipse é um prequel, sendo o primeiro na franquia, cronologicamente falando.
O jogo apresenta uma boa dose de terror nos seus diminutos cenários, com os fantasmas mais agressivos da franquia (ok, sem contar aqueles cegos da parte final em Fatal Frame II: Crimson Butterfly).

Passagens estreitas e longos corredores tornam algumas batalhas mais complexas pela falta de espaço para escapar. Aliás, eu recomendaria desativar o modo de movimento, deixando o controle da Camera e da Lanterna apenas no analógico, para facilitar a vida do jogador, uma vez que o jogo original foi pensado com o controle de movimento do Wii em mente.

O gráfico segue o estilo tradicional da série, com construções japonesas tradicionais e parte da arquitetura ocidental mesclada, além de cavernas subterrâneas.
Como citado no corpo do texto, algumas texturas de cenário e objetos mostram-se bastante pixeladas, dado o caráter de remaster (e não remake) de um jogo antigo.

A introdução da Lanterna da Pedra Espiritual é uma boa novidade, dando variedade ao gameplay e mudando a estratégia de combate.
A narrativa através de quatro protagonistas possui varias reviravoltas, embora a verdadeira protagonista do título seja Ruka Minazuki.

Fatal Frame Mask Of The Lunar Eclipse é um bom retorno da franquia aos consoles atuais, comemorando os 23 anos desde o primeiro lançamento.
Uma ótima pedida para os fãs de terror e apreciadores do bizarro e impactante horror japonês e um teste para os fracos de coração.
Koei Tecmo, na última análise eu pedia o remaster deste título e da trilogia original… agora só falta a trilogia