
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Untold Tales (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Untold Tales
Produtora: Studio Voyager / IguanaBee
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series S/ Xbox Series X / Switch / PC
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2022

What Lies In The Multiverse é um puzzle narrativo com foco na alternância de realidades.
UM EXPERIMENTO PERIGOSO
Um garoto está no quarto com seu gato Erwin, sonhando com a possibilidade de explorar outras realidades.
Enquanto sua mãe fala com ele de outro cômodo, o Garoto (cujo nome não é citado) consegue enfim “hackear” o multiverso através de seu computador.


Maravilhado com seu feito, o Garoto vai parar em um mundo pacífico, onde monges budistas convivem harmoniosamente.
Após conversar com alguns deles e explorar parte da calma paisagem, o Garoto cai de uma ponte que desaparece, revelando uma alteração no espaço-tempo, onde o local aparece destruído, com ossos de alguns monges e estátuas destruídas, os campos verdejantes substituídos por um um local devastado e obscuro.

Perdido, o Garoto continua explorando o local, que sofre cada vez mais com flutuações, alternando entre as duas realidades.
É então que ele se depara com um estranho homem de roupas vistosas, bengala na mão e uma esdrúxula e grande cartola roxa.

HUGO EVERETT
O estranho é Everett, um investigador que está explorando o multiverso em busca da causa das alterações entre realidades, como a que o Garoto está presenciando.
Disposto a resolver a situação, Everett leva o menino de volta para seu quarto e destrói seu computador, para que não cause mais confusões.


O Garoto, inconformado com a situação, implora que o homem o leve com ele, como seu assistente, para ver as maravilhas do multiverso e ajudar na restauração da ordem.
O intuito, no entanto, não é tão simples, uma vez que um grupo caça Everett para recuperar o voyager que ele possui: a bengala, um artefato capaz de alterar realidades e que eles acreditam ser o responsável pelo surgimento de mais Ubiquidades (alterações constantes entre realidades, presentes em objetos).
SALTO DE REALIDADE
WLITM baseia-se na alternância entre realidades para resolver puzzles e vencer obstáculos.
Cada novo capítulo apresenta duas realidades, cada qual com suas características próprias.


Entre as características de cada realidade, encontram-se gravidade invertida, ar venenoso, era glacial, entre outros.
Desta forma, com o R2 é possível mudar a realidade e resolver o problema em questão, ou parte dele.
Por exemplo: você precisa saltar de um abismo, mas não há local seguro para cair; durante o salto, você alterna a realidade e uma plataforma está em altura suficiente para não matá-lo. De maneira semelhante, você pode solidificar um rio congelando-o em outra realidade, para assim utilizá-lo como plataforma para saltar.


A dificuldade dos puzzles vai escalonando, com o constante uso da alternância de realidades para adaptar saltos, quedas e movimento do protagonista e de objetos, sendo as ubiquidades instáveis e, portanto, podendo atravessar outros objetos em algumas circunstâncias.


Outro fato importante a se perceber é que, caso esteja no local de um objeto em outra realidade, assim que alternar, você ficará preso e “deixará de existir” até que retorne à realidade original e saia do local.
Lembre-se das aulas de Física: dois objetos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo (apenas ubiquidades).


NAVEGANDO NO CAOS
A temática apocalíptica do jogo se dá nas realidades paralelas, geralmente locais devastados, onde pode-se ver os restos mortais de alguns NPC’s originalmente vivos, bem como cartas e recados anotados em seus minutos finais, que funcionam como os coletáveis do título.


Everett, apesar do tom cômico que costuma apresentar, mesmo enquanto confronta seus perseguidores, possui uma mancha em seu passado: seu antigo assistente, Ez.
Enquanto comanda o Garoto em sua missão, Everett costuma não comentar sobre o assistente anterior, mas Nash e cia. parecem conhecer bem o passado da dupla.


O gráfico de WLITM é colorido e expressivo, com personagens e cenários pixelados repletos de carisma.
Assim como a constante alternância de realidades, o título mescla bem o tom cômico das situações (recheadas de humor negro e ácido) com momentos mais sérios e tristes sobre o passado de Everett e o destino de alguns dos NPC’s que encontramos pelo caminho.


A trilha sonora segue um estilo semelhante, abraçando tanto a parte humorística, com temas que remetem a animações infantis, quanto músicas mais sombrias, refletindo o destino de muitos locais e personagens pelos quais passamos.
PLATINA MORTAL
A platina de What Lies In The Multiverse não é necessariamente difícil, focada em grande parte em maneiras diferentes de como o protagonista pode morrer (humor negro, lembra?).


Os demais troféus ficam por conta dos diferentes coletáveis e de algumas ações específicas por capítulos, além dos troféus convencionais de progresso e do final alternativo.
Dada a natureza narrativa do jogo, não entrarei em muitos detalhes para evitar spoilers.
RESUMO DA ÓPERA:
What Lies In The Multiverse é um belo puzzle que consegue escapar do lugar-comum ao gênero, apostando em uma narrativa bem trabalhada e personagens carismáticos e bem desenvolvidos.


A todo momento o título flerta com opostos, seja pelo tom das situações, os puzzles ou mesmo as realidades.
A arte pixelada e a trilha sonora são ora vivas e coloridas, ora sombrias e soturnas, refletindo bem a dualidade do multiverso criado pelos desenvolvedores.


What Lies In The Multiverse brilha com seus puzzles bem orquestrados e seu “clima ying yang”, inclusive com momentos reflexivos em meio ao caos das viagens entre realidades e à busca pelo fim das ubiquidades enfrentada pela dupla improvável.