
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Blowfish Studios (versão PS4)
Distribuidora: Blowfish Studios
Produtora: Shadowplay Studios
Plataforma: PlayStation 4 / Xbox One / Switch / PC / Apple Arcade
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020
O Teatro de Sombras é uma arte milenar, praticada especialmente no Sudeste asiático (Indonésia, Malásia, Tailândia, Camboja, China, Índia e Nepal).
No ano de 121, o imperador Wu Ti, da Dinastia Han (China), desesperou-se com a morte de sua bailarina favorita. Chamou o mago da corte e ordenou que ele a trouxesse de volta do “Reino das Sombras” ou seria decapitado.

O mago pegou a pele transparente de peixe e modelou a silhueta de uma bailarina; ordenou que no jardim do palácio fosse armada uma cortina branca, contra o sol.
Armou-se uma apresentação para o imperador e a corte; o mago fez surgir então, ao som de uma flauta, a sombra de uma bailarina dançando graciosamente.
Esta é a lenda chinesa de como surgiu o Teatro das Sombras.
LUZ E SOMBRA
Projection First Light é um jogo de puzzle e plataforma baseado na projeção e perspectiva da sombra de objetos.
Greta é uma menina cheia de energia, que acaba causando uma série de acidentes na cidade onde mora.
Triste com a repreensão dos pais, ela parte por uma aventura através do Teatro das Sombras, em quatro países diferentes.

Durante sua jornada, Greta irá reviver famosas lendas locais, ao lado de figuras como Sun Wukong (macaco do conto chinês A Viagem ao Oeste); Damarwulan, herói indonésio (de origem javanesa) famoso nas representações teatrais com sombras (wayang klitik); os contos turcos de Nasreddin com tom cômico/lúdico e pedagógico; a parte da Inglaterra tem um tom mais Charles Dickens (romancista inglês da Era Vitoriana).
AS ENGRENAGENS CEREBRAIS
O gameplay gira em torno de utilizar sombras projetadas para criar pontes, passagens e obstáculos com o cenário à sua volta e objetos móveis que podem ser carregados ou não.
Para tal feito, o jogador controla uma pequena fonte de luz que, uma vez na perspectiva correta, cria o efeito de sombra desejado.

Na prática parece algo simples, mas acredite, é bem fácil se perder em um puzzle prático.
Em alguns momentos travei e não parecia haver solução possível, até eu perceber a resposta mais simples e literalmente na minha cara o tempo todo.
Greta pode pular e carregar objetos, além de acionar alavancas… e é só isso mesmo.
Embora a personagem possua apenas habilidades básicas, o jogo se sustenta através de diversas fases com uma ótima variação de puzzles.

Pedras gigantes capazes de esmagar a garota podem ser usadas para pressionar botões que abrem passagens; pequenos vasos de cerâmica podem projetar luzes mais longas, criando pontes que ajudam a acessar novas áreas; luzes móveis que fazem as sombras se deslocarem; luzes com tempo de duração, que limitam o tempo de uso das plataformas.
Até mesmo uma luta contra chefe e uma longa cena de fuga estão presentes.

Além disto, borboletas coletáveis estão espalhadas pelos quatro países.
Elas são opcionais, mas adicionam um bom desafio e duração ao jogo, com puzzles muitas vezes separados da rota principal e até mesmo áreas secretas envolvidas.
LUZ SOBRE LONA
Os gráficos de Projection são simples e ao mesmo tempo curiosamente bem trabalhados, uma vez que todos os personagens e cenários são representados apenas com o preto e a cor de fundo “vazada” através das aberturas, fazendo com que a luz de fundo da lona (onde é projetado o Teatro) crie formas modelando as sombras.
Cada país possui uma cor de fundo que o distingue na paisagem.
As construções dos locais são bem representadas, utilizando-se as partes “vazadas” dentre as sombras para criar detalhes arquitetônicos equivalentes ao país em questão.

A trilha sonora segue o estilo de cada cultura representada, com temas clássicos, executados em instrumentos tradicionais.
Como o tradicional Teatro das Sombras original, não há falas: a música compõe a trama, dando ênfase em certos momentos e substituindo diálogos.
Algo que seria motivo de reclamação em outros jogos, aqui ilustra e adapta-se bem ao estilo de narrativa.
RESUMO DA ÓPERA:
Projection First Light é uma ótima experiência de puzzle/plataforma, sustentando-se através da mecânica de projeção de sombra, comum em outros jogos como puzzle de suporte, mas conseguindo variar bastante para não se tornar repetitiva.
A representação dos quatro países apresentados é bastante fiel e o jogo possui um humor leve, entrecortado pelo stress gerado em algumas partes (a parte final, a parte final…).
PONTOS POSITIVOS:
– gráficos com uma beleza simples mas profunda
– puzzles divertidos e variados
– narrativa interessante e contada sem uma palavra falada ou escrita
PONTOS NEGATIVOS:
– alguns bugs de colisão, onde a sombra projetada e a sombra do cenário se confundem, fazendo Greta atravessar o piso ou paredes que não deveria
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