
O Senhor Desenvolvedor achou que não era bom que o jogador vivesse sozinho e decidiu arranjar-lhe uma companheira que lhe fizesse companhia.
O Senhor Desenvolvedor modelou também toda a espécie de jogos e trouxe-os ao jogador, para ver como ele os classificaria. E pelo gênero que lhes deu, ficaram a ser chamados.
Contudo, para si próprio o jogador não encontrou companhia. Então o Senhor Desenvolvedor fez o jogador distrair-se; tomou-lhe um dos jogos e tornou a encerrar o título. Desse pedaço o Senhor Desenvolvedor fez a jogadora e ofereceu ao jogador.
(anteriormente, o Desenvolvedor tivera feito Lilith, a primeira jogadora, à imagem e semelhança do jogador, mas ela revoltou-se e foi banida para a Twitch, como uma e-girl)
Ora acontecia que ambos, o jogador e a jogadora, estavam habituados com o pagamento pelos jogos; mas nenhum deles se sentia envergonhado com isso.

O acionista era o mais astuto dos seres que o Senhor Desenvolvedor tinha criado. Então aproximou-se e disse à jogadora: “É verdade que o Desenvolvedor disse que não deviam jogar nenhum dos títulos disponíveis?”
“Não. Nós podemos jogar qualquer título disponível aqui. Só da árvore verde que está no meio é que não podemos provar. Dessa é que o Desenvolvedor disse que não devíamos jogar e nem sequer tocar-lhe, senão algo terrível aconteceria.”
“Acontece nada!”, retorquiu-lhe o acionista. “O Desenvolvedor sabe muito bem que no mesmo instante em que experimentarem um jogo sem precisar pagar os vossos olhos abrir-se-ão e, tal como o Desenvolvedor, serão capazes de distinguir o bem do mal!”

A jogadora vendo que a árvore verde era agradável, que o jogo era bom para diversão, agradável e bonito, e que ainda por cima lhe daria entretenimento, chegou-se, apanhou um lançamento, começou a jogar e ofereceu ao jogador, e ele também jogou. Enquanto jogavam, começaram a dar-se conta de que não tinham pago pelo título, e não se sentiam à vontade.
O Senhor Desenvolvedor chamou pelo jogador: “Onde estás?”
“Ouvi-te a passar”, respondeu jogador, “e não quis que me visses jogando sem pagar. Então escondi-me.”
“Mas quem te mostrou que estavas pagando? Jogaste do jogo daquela árvore verde sobre a qual te avisei?”
Ele respondeu: “A jogadora que me deste por companheira é que me deu do jogo dessa árvore e eu joguei.”
O Senhor Desenvolvedor perguntou à jogadora: “Porque é que fizeste isso?”
“Foi o acionista que me enganou.”
O Senhor Desenvolvedor dirigiu-se pois ao acionista:
“Este é o teu castigo: Terás de rastejar para conseguires vender toda a tua vida.
De agora em diante tu e os jogadores serão inimigos, assim como os descendentes de ambos.”
E para os jogadores:
“Porque jogaste o título que te avisei que não tocasses, o serviço será maldito por tua causa. Terás de trabalhares a vida inteira para pagares por bons títulos.”
(Ok, talvez eu tenha me empolgado)
O que falar sobre fanboys?
A existência de fãs denota qualidade sobre uma obra, pessoas que a seguem fielmente e que demonstram paixão sobre ela.
Mas fãs são capazes de identificar problemas e criticá-los, bem como reconhecer a qualidade “concorrente”
Fãs, por mais apaixonados que sejam, estão ainda dentro de um limite tolerável.
Já os fanboys…
Eles desejam a supremacia de sua obra, que deve ser venerada por todos.
A concorrência? Deve ser apedrejada e destruída, já que não possui qualidade semelhante.

O fanboy nasce quando acaba o respeito do fã.
Não apenas pelos concorrentes e rivais, mas mesmo pelos próprios criadores.
Mudou algo que o fã não concorda? Ameaça online.
Obteve um resultado abaixo do esperado com a obra? Xingamentos e perseguição no Twitter.
O fanboy não admite que sua obra preferida não seja a melhor do mundo!
Pior ainda: o fanboy passa a viver mais para atacar a concorrência do que homenagear a própria obra da qual é fã.
Talvez este seja o ponto de conversão: alguém passa de fã a fanboy no momento em que atacar o outro lado é mais importante do que consumir o próprio conteúdo.

Um caso quase (quase?) patológico de ódio e idolatria, não visto apenas nos games ou cinema, mas também no “mundo real”.
Torcidas de futebol, etnias em guerra e fãs de políticos… é.
Idolatria leva à histeria e histeria leva à guerra e execução.
A Inquisição e o Holocausto são dois episódios claros de “fanboys em ação” ao longo da História.
Começa com uma fé e/ou crença muito forte em um líder e depois passa à perseguição e ao (possível) extermínio dos opositores.

Mas isto não está exagerado demais em comparação aos simples fanboys de jogos?
Isso é você quem me diz, mas o ódio é uma força implacável da natureza humana.
Um movimento pequeno surge como algo simples e vai ganhando impulso, até perder completamente o controle.
Exemplos não faltam e a internet só ajuda a propagar tais ideias.
Já dizia Mahatma Gandhi: “Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinamentos.”