
*Este texto possui explicações amadoras sobre um transtorno sério baseadas em pesquisas online, por um redator não-especializado no assunto e, portanto, não deve ser encarado como fonte direta de conhecimento.
O texto também contém ironia.
TDAH, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é o transtorno do momento, o transtorno que está vivendo o hype.
Embora seja algo realmente sério, é importante também notar que apenas pessoas realmente diagnosticadas por um profissional podem afirmar que o possuem.
Se seu diagnóstico é um vídeo do Youtube ou Tiktok (acredite, existem pessoas que se “diagnosticam” assim), quem sabe uma rápida lida dos sintomas no Google, você não está apto para portar o TDAH. Quem sabe consultando um especialista você possa aderir à “nova moda” entre os jovens!
Brincadeiras à parte, o TDAH afeta milhões de pessoas pelo mundo atualmente, sendo um transtorno de origem neurobiológica, caracterizado pela desatenção, impulsividade e agitação, especialmente entre as crianças (de 3 a 5% mundialmente) e geralmente acompanhando o indivíduo durante toda a vida.

A confusão que ocorre com relação ao transtorno é o fato de que nós, enquanto sociedade, estamos cada vez mais dispersos mentalmente.
A Internet, agora disponível 24h no celular, é grande parte do problema. Não que isto deva acabar, mas o modo como lidamos com a dopamina em nossas mentes causa um círculo vicioso de desatenção, muitas vezes confundido com o TDAH.
(Aqui, falaremos mais sobre o falso TDAH, ou seja, a desatenção comum aos dias atuais que é muitas vezes confundida com o transtorno real e passível de medicação.)
A dopamina é o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer na mente, ligada diretamente ao sistema de esforço e recompensa do cérebro.
Na prática, o longo esforço resultar em uma recompensa é algo prazeroso e que nos estimula a continuar repetindo tal esforço.
Ao menos assim é como sempre deveria ser.

Todavia, os rápidos estímulos interrompem o ciclo correto, fazendo com que recebamos facilmente doses curtas de dopamina com esforço mínimo.
Desta forma, ficamos “viciados” na dopamina de fácil obtenção, sem que necessariamente precisamos passar pelo período de sua queda, natural à autorregulação do organismo (a homeostase).
O problema é que, quanto maior a dose de dopamina, maior sua “abstinência”. Logo precisamos de maiores doses para podermos obter a mesma sensação inicial de “prazer”, algo que com frequência não é mais obtido.
Esta é a tolerância, tão comum aos vícios, onde a busca pelo prazer/recompensa inicial não é mais obtido e cada vez doses maiores precisam ser consumidas no esforço de tentar alcançar a primeira sensação.

Nos jogos (sim, eu não esqueci deles!) as constantes barras de experiência, troféus/conquistas e todo tipo de pequena recompensa é justamente esta pequena dose de dopamina de fácil acesso.
“Vou jogar só mais uma partida” ou “Vou testar o jogo rapidinho” são frases comuns que dizemos (muitas vezes a nós mesmos) até perceber que exageramos na dose e perdemos o controle, seja vendo o dia nascer quando deveríamos estar dormindo ou indo trabalhar como zumbis, com grandes olheiras e olhos avermelhados por uma noite de sono mal dormida.
Subir de nível com o personagem fica cada vez mais difícil, bem como a sensação da recompensa torna-se menor a cada novo nível.
Os desenvolvedores, muitas vezes, incluem aí um atalho, especialmente nos jogos multiplayer.
Boosts, novas armas, microtransações…
Quando você joga com o dinheiro real, as consequências podem ser muito piores.

Os jogos mobile (e em breve devo fazer um texto sobre eles) são uma grande fonte de vício, com vidas limitadas por dia no modo gratuito (mas com “facilitadores” a um preço módico…), grandes pacotes para serem comprados e melhorar seu desempenho ou bônus ao assistir comerciais.
Aliás, o celular traz consigo uma miríade de tentações de rápida dopamina, seja através de aplicativos de vídeo cada vez mais curtos, produtos relacionados a algo que você falou (e o aparelho “magicamente” ouviu) ou redes sociais volúveis e que criam interpretações errôneas, retroalimentando-se com o caos gerado.

Os estímulos estão por todos os lados atualmente, ligando-se diretamente ao cérebro das crianças, já dependentes de um celular aos 4 anos de idade ou tentando “virar a página da televisão” com o dedo.
O aumento da desatenção mundialmente é reflexo do mundo rápido em que vivemos, onde prestar atenção por mais de 1 minuto em algo é um desafio grande.
Certamente no século XIX era mais fácil manter a atenção fixa naquilo que se queria fazer, mas nos dias atuais você precisa sempre estar atento e preparado! Para o quê, ninguém necessariamente sabe.
Agora com licença que a vida do meu jogo mobile acabou de renovar e eu preciso participar do evento especial, para tentar desbloquear um novo personagem…