
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Klabater (versão PS4)
Distribuidora: Klabater
Produtora: Punch Punk Games
Plataforma: PlayStation 4 / Xbox One / Switch / PC
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020
O Gênio do Crime
Serial killer contumaz, o Assassino do Zodíaco é (ou foi) um criminoso norte-americano, responsável por uma série de vítimas, que desafiou a polícia com enigmas sobre sua identidade, sem jamais ter sido capturado ou descoberto.
O Zodíaco conta com 5 assassinatos reconhecidos, embora uma de suas cartas sugira o número total de 37.
Seus crimes conhecidos foram executados no estado da Califórnia, nas cidades de Benicia, Vallejo e São Francisco, além do Lago Berryessa, entre 1968 e 1969, tendo como alvos quatro homens e três mulheres (entre 16 e 29 anos).

David Arthur Faraday (17 anos) e Betty Lou Jensen (16) foram assassinados em Lake Herman Road, estrada conhecida por ser um ponto de encontro de jovens casais, em Benicia.
Darlene Elizabeth Ferrin (22 anos) e Michael Renault Mageau (19 anos) foram atacados no estacionamento do Blue Rock Springs Park, Vallejo: Michael sobreviveu ao ataque, mas Darlene foi declarada morta ao chegar no Hospital da Fundação Kaiser.
Bryan Calvin Hartnell (20 anos) e Cecilia Ann Shepard (22 anos), atacados no lago Berryessa, condado de Napa: Bryan sobreviveu a oito facadas nas costas, mas Cecilia morreu em decorrência dos ferimentos sofridos.
Paul Lee Stine (29 anos) taxista baleado e morto em 11 de outubro de 1969, no bairro Presidio Heights, em São Francisco.

CASOS NÃO CONFIRMADOS:
Robert Domingos (18 anos) e Linda Edwards (17 anos) foram baleados em 4 de junho de 1963, em uma praia. O crime assemelha-se ao ataque do Zodíaco no lago Berryessa, seis anos mais tarde;
Cheri Jo Bates (18 anos), esfaqueada em Riverside City College, Riverside (1966). Quatro anos após o assassinato, o jornalista Paul Avery, do San Francisco Chronicle, recebeu uma dica sobre a semelhança do crime e os assassinatos do Zodíaco;
Donna Lass (25 anos), vista pela última vez em 6 de setembro de 1970, em Stateline, Nevada. Um cartão postal com anúncio dos condomínios de Forest Pines (perto de Incline Village, em Lake Tahoe) colado na parte de trás foi recebido no Chronicle em 22 de março de 1971, interpretado como uma possível dica do Zodíaco, mas a ligação nunca foi comprovada;
Kathleen Johns (22 anos) alega ter sido sequestrada, junto de sua filha, em 22 de março de 1970, na rodovia 132 perto da I-580, oeste de Modesto. Ela escapou do carro do sequestrador ao redor da área entre Stockton e Patterson.

O Zodíaco enviou diversas cartas a jornais, detalhando precisamente elementos dos assassinatos que somente a polícia saberia e exigindo que as mesmas fossem publicadas na primeira capa.
Algumas das cartas foram encriptadas com um código parcialmente decifrado.
Nelas, o Zodíaco levava a crer que suas vítimas seriam seus escravos no Paraíso.
Com o tempo, ele foi ficando mais ousado e passou a escrever para a polícia, período em que assumiu o nome Zodíaco.

This Is The Zodiac Speaking é um jogo investigativo de stealth e puzzle em primeira pessoa, parcialmente baseado em alguns dos crimes do Assassino do Zodíaco.
Você encarna Robert Hartnell, jornalista de São Francisco que passa a receber mensagens do assassino para decifrar seu código.
O TORMENTO DO ZODÍACO
Após uma investigação de um local de crime onde foi descoberto pelo Zodíaco e escapou, Robert passa a ser atormentado por estranhos sonhos sobre os crimes do assassino.
Ele então passa a consultar com um psiquiatra que tenta uma terapia diferente, a qual chama de Ritual: através de hipnose, Robert visita em sua mente o local dos crimes, coletando provas e montando o quebra-cabeça do serial killer.
As visões são vívidas e nelas é preciso esgueirar-se, sem ser pego pelo Zodíaco.

Caso seja visto, é possível tentar correr e se esconder, mas a barra de fôlego esgota rapidamente.
Áreas muito abertas e/ou com luzes são mais chamativas, deixando o jornalista muito visível para o criminoso.
Ao coletar todas as provas, é preciso remontar a cronologia dos atos do Zodíaco, para então receber mais uma parte da cifra (cipher) do Zodíaco.
O JORNALISTA E SUAS OBSESSÕES
Robert Hartnell sofre em sua casa, vítima das próprias obsessões: a investigação sobre o Zodíaco custou seu relacionamento com Monica.
O editor-chefe tenta convencer Robert a voltar ao trabalho e fazer uma matéria sobre outro assunto, mas o jornalista está preso ao Zodíaco.
A casa possui lixo, restos de comida e bebida por todos os lados, demonstrando o pesadelo que Hartnell está vivendo.

Seus sonhos sobre os crimes do Zodíaco tornaram-se mais vívidos conforme o Ritual avança e ele passa a desconfiar que o medicamento prescrito pelo psiquiatra os está acentuando.
O jornalista também relembra o passado com sua família, filho de um caçador violento, que espancava sua mãe constantemente.
AS PEÇAS DE UM CRIME
Espalhados pelos cômodos da casa, pistas sobre o Zodíaco espalham-se, algumas menos óbvias do que outras.
No escritório, o código cifrado está pregado na parede e vai sendo desvendado conforme o Ritual do psiquiatra avança.

No sótão, caixas com manequins servem para finalizar cada Ritual antes da consulta com o psiquiatra e a hipnose.
Próximo à garagem, uma sala de revelação de fotos ajuda Hartnell a montar parte da trilha do assassino, através de um puzzle onde é necessário focalizar a imagem no negativo antes de revelá-la.

Durante as viagens hipnóticas, é necessário remontar os passos do Zodíaco através de dedução, achando objetos que indiquem sua passagem ou interação.
Puzzles para abrir portas eletrônicas e acessar certos objetos precisam ser resolvidos, sempre com a tensão de ser descoberto pelo serial killer, observando-se a barra de detecção.
UMA VIAGEM AOS ANOS 70
O gráfico de TITZS é simples, mas possui um estilo artístico agradável e minimalista.
A paleta de cores envolve vários tons de marrom e cinza, além de verde escuro e mostarda, passando um clima que remete diretamente aos anos 70.

Os personagens não possuem rostos definidos, com um aspecto de manequins coloridos.
O Zodíaco é representado durante as perseguições com uma roupa “inteiriça” marrom, com um capuz de mesma cor, com óculos sobre os olhos e o seu símbolo no peito, portando uma faca e uma pistola.
Já durante a dedução do jornalista, ele é representado como um homem caucasiano, levemente acima do peso.
Infelizmente pequenos glitches gráficos em alguns trechos e screen tearing surgem durante o jogo.
A trilha sonora também segue um estilo minimalista, sendo mais utilizada para indicar a proximidade do Zodíaco.
O jogo é completamente dublado, com boas atuações, especialmente do protagonista, que possui longos monólogos sobre o seu passado e os crimes, pensamentos que podem ser acessados através do diário do jornalista.
O Zodíaco possui uma voz mais áspera e arrastada.

O roteiro é um dos pontos fortes do game, pelas mãos do premiado escritor de horror polonês Lukasz Orbitowski e pelo head da Punch Punk Games, Krysztof Grudziński.

O jogo conta com três finais, dependendo de como você conduz as investigações e responde às perguntas do psiquiatra.
RESUMO DA ÓPERA:
This Is The Zodiac Speaking é uma interessante experiência pela investigação de um dos mais famosos serial killers americanos nunca descoberto ou pego.
A tensão do stealth durante as investigações e os puzzles sob pressão são complementados por um excelente roteiro, com boas dublagens e um visual minimalista, mas agradável.
Alguns glitches gráficos tiram parte do brilho da experiência, mas não arruínam o clima.
Uma obra com um belíssimo potencial, um pouco mais ambicioso do que a sua execução.
PONTOS POSITIVOS:
– roteiro sólido, explorando alguns casos do Zodíaco, mesmo não confirmados
– stealth consistente, com solução de puzzles “sob pressão”
– arte minimalista, com visual estilizado
PONTOS NEGATIVOS:
– glitches gráficos
– o cursor no diário funciona como um mouse, o que torna o uso muito sensível no controle
– sem platina