Review / Tutorial de Saints Row The Third Remastered

Entrar em um gênero pré-estabelecido com sucesso nem sempre é fácil e, acredite, muitos jogos tentam. A franquia Saints Row ingressou neste árduo e pedregoso caminho em 2006, no Xbox 360.
Embora inicialmente com fortes inspirações em Grand Theft Auto, a Volition Inc. conseguiu dar uma característica própria ao título, com boas melhorias no gameplay e nos gráficos, em relação ao concorrente.
Saints Row possuía um forte apelo à conquista de território e expansão através da guerra de gangues.

A sua continuação, Saints Row 2 (PS3, Xbox 360 e PC) expandiu o universo de Stilwater (cidade fictícia onde se passa a franquia) e da Third Street Saints (gangue protagonista).
Após a explosão do iate no final do primeiro jogo, o protagonista é pego pela polícia e entra em coma logo em seguida. Ao acordar, 5 anos depois, é possível customizar inteiramente o personagem, mudando até mesmo raça e sexo, através de cirurgias plásticas.
Após a cirurgia, Carlos Mendonza (outro presidiário), o convida para um plano de fuga e, após o sucesso do mesmo vê a notícia que Johnny Gat será julgado. Descobre também que os Third Street Saints se dissolveram, motivação para reestruturar a gangue, reconquistando aos poucos seu território.

Bem, agora que já falamos dos anteriores, vamos ao que realmente interessa!
Olá, aqui é o Musashi e hoje falarei sobre Saints Row: The Third Remastered.

* Esta análise foi feita com o código cedido pela Deep Silver (versão PS4)

Distribuidora: Deep Silver
Produtora: Spearsoft Studios
Plataforma:  PlayStation 4 / Xbox One / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2020

A Realidade Dá Lugar À Diversão

Lançado inicialmente em 2011, para PS3, Xbox 360 e PC, Saints Row The Third é o passo extra que o gênero sandbox precisava.
As amarras do estilo foram desfeitas aqui, com uma liberdade nunca antes vista!Quer roubar um carro? Experimente entrar pelo parabrisa com uma voadora no motorista.
Precisando de uma arma diferenciada? Que tal um dildo roxo gigante ou uma arma que dispara tubarões?

O protagonista encarna o Professor Genki e nocauteia o policial com um… ahn… você sabe



As possibilidades são sempre surpreendentes e inesperadas: de dançar com NPC’s de rua ou aplicar golpes de wrestling neles, passando por fraudes de seguro, a confrontar gangues rivais com poderes elementais. 

O remaster, pelas mãos da Spearsoft Studios, recebeu melhora em texturas e modelos, para adaptar o jogo aos consoles atuais. Mas sabemos que tais melhorias costumam passar despercebidas, pois apenas atualizam o jogo, que normalmente fica com a mesma cara do original na maioria das remasterizações.
Contudo, temos um diferencial importante aqui: efeitos de luz e sombra foram retrabalhados neste remaster, o que dá um aspecto mais bonito ao jogo e tira aquela cara de jogo datado.

Em alguns momentos pode-se notar um granulado no céu escuro, um dos poucos pontos fracos na parte gráfica. 
Já o visual mais cartunesco ajuda na suavização gráfica, passando menos a sensação de um gráfico datado.

Pierce, o protagonista fantasiado de Johnny Gat e um… Gat Mobile?

A jogabilidade continua bastante fluída, como no original, não se notando aquela sensação de jogo velho, comum em alguns remasters.
A sensação de tiro e mira ficou leve, facilitando o combate.

A trilha sonora dá um show à parte, contando com vários estilos, passando por rap, música clássica, eletrônica, rock, punk rock e heavy metal.Dentre as bandas e artistas presentes, temos Bush, Deftones, The Black Keys, Kanye West, Mos Def, Benny Benassi, Digitalism, Bach, Chopin, Mozart, Drowning Pool, Marilyn Manson, Opeth, Strapping Young Lad, Bonnie Tyler, Faith No More, Mötley Crüe, Run D.M.C. e Sublime.

O Legado de Johnny Gat

Após a derrota das gangues rivais em Saints Row 2, os Saints viraram celebridades: com um grande séquito de fãs pelo país, eles fazem comerciais de energéticos e até grifes.

O jogo se inicia com um assalto em larga escala (ainda em Stilwater), onde os Saints se trajam como Johnny Gat, usando um capacete gigante com seu rosto.
Ao fim do objetivo, o assalto acaba dando errado e eles descobrem que o banco pertencia ao Syndicate, uma organização criminosa interacional, liderada por Phillipe Loren. Loren captura o seu personagem, agora líder dos Third Street Saints, Johnny Gat e Shaundi (antiga membro dos Filhos de Samedi, uniu-se aos Saints no jogo anterior). Em seu jato particular, ele tenta convencer o líder dos Saints a aceitar um acordo onde eles doariam dois terços de sua renda para ele, em troca de suas vidas e liberdade.
Após a recusa do acordo, Loren decidi matá-los, mas Gat toma controle da nave; Shaundi e o líder escapam, mas Gat é dado como morto.

Você e Shaundi escapam da aeronave e acabam em Steelport, cidade que ainda está em processo de tomada pelo Syndicate, indiretamente, sendo controlado por três gangues: The Morning Star, os vendedores de armas, com visual mais elegante; Luchadores, brutamontes que utilizam armamento pesado e indumentária de luta livre mexicana; Deckers, os hackers, que possuem alta tecnologia.

Cabe aos Saints retomar as regiões de Steelport, bairro a bairro, através de guerras entre gangues; conforme a escalada de violência avança, o governo envia Unidades Táticas Especiais Anti Gangues (STAG, no original), soldados com armamento pesado, para acabar com os conflitos.

O Que Fazer Em Steelport?

Bem, deixando os aspectos técnicos de lado e indo ao que importa, além das missões principais, há também fraudes de seguro, onde o jogador precisa bater o carro em um cruzamento e sofrer o máximo de dano possível ou simplesmente ser atropelado; há também destruições de propriedades com tempo definido.

Existem também os contratos: assassinatos, que requerem chamar a atenção de um alvo seguindo regras pré-estabelecidas; roubo e entrega de carros específicos mediante fuga da polícia; desafios gerais, que envolvem diversas atividades, desde o tempo máximo empinando uma moto ou mesmo quantidade de inimigos mortos.
Os coletáveis contam com caixas de drogas e outras de bonecas infláveis e áreas onde ondas de uma mesma gangue precisam ser eliminadas.


Todas estas atividades rendem dinheiro e respeito, dois componentes necessários para customização de roupas, aparência e mesmo compras de novas armas, como subir atributos do personagem.

As armas, conforme seu uso, também possuem níveis, habilitados através de upgrades.
Dentre o arsenal, além de pistolas, metralhadoras, escopetas e bazucas, temos os UAV (maletas com alvo controlável para bombardeios aéreos), granadas de peido para tontear adversários, armas que disparam tubarões, dentre outras.

O sistema de upgrades do personagem possui múltiplas habilidades, desde o dano aumentado de uma arma específica, passando por upgrades de saúde e regeneração da mesma, aumento da quantidade de seguidores e vida dos mesmos (os quais ajudam em combate), desbloqueio de veículos, entrega de veículos, dentre outros.

Os policiais tentam conter o caos de Steelport (boa sorte contra o tanque)

Estilo É Tudo

The Third foca pesado na estilização, com tons predominantemente roxos.
A customização de roupas é vasta, muitas delas desbloqueáveis após cumprimento de certas missões e/ou demais pré-requisitos.

Além da indumentária, é possível também customizar uma provocação e um cumprimento.
Dentre as escolhas, várias referências a personagens de luta livre como Hulk Hogan, John Cena e Ric Flair, passando por filmes e seriados dos anos 80, como Um Maluco No Pedaço e Bill & Teddy.

É possível ainda comprar propriedades, que geram uma renda constante.
Os veículos vão de motos e carros a aviões, tanques de guerra e “motos voadoras”.
Tanto armas quanto veículos desbloqueados possuem re-estoque infinito nas bases dos Saints ou mesmo ser entregues por algum membro da gangue, mediante desbloqueio desta opção nos upgrades.
Neste remaster, muitas das armas e veículos já estão disponíveis no primeiro momento do jogo.

Precisa mesmo de legenda?

O Que Vem No Jogo

Além da campanha, com a possibilidade de ser jogada inteiramente via coop (apenas online desta vez), o modo Whored (uma espécie de modo horda, onde é necessário sobreviver por diversas ondas de inimigos).

O pacote inclui todos os dlc’s lançados para o jogo original, contendo diversas roupas, veículos e armas, além de três dlc’s maiores:

Genkibowl VII
Expande as atividades do Genkibowl, programa de gincana com a temática do mascote gato-humanoide em quatro atividades: Genki Apocalypse, um jogo de tiro onde o personagem percorre diversas salas atirando em inimigos e alvos para ganhar dinheiro, tentando evitar acertar o Sad Panda, que reduz o score; Super Ethical PR Opportunity, onde é necessário guiar o Professor Genki no Genki Mobile, carro com lança-chamas acoplados nas laterais; Sexy Kitten Yarngasm, semelhante ao jogo Katamari Damacy, o jogador precisa controlar uma bola de lã gigante enquanto destrói propriedades no tempo indicado; e Sad Panda Skyblazing, munido de uma motosserra e uma roupa de panda, o jogador salta de um helicóptero, passando por anéis de fogo, devendo matar outros mascotes.

– Gangstas In Space
Três missões que dão continuidade à parte da história original, no filme Gangstas In Space (citado durante o jogo), no qual os Saints atuam em um filme espacial em três atos, incluindo combates armados contra alienígenas, o resgate de uma extraterrestre e um combate entre naves espaciais.

– The Trouble With Clones
Um clone superpoderoso de Johnny Gat está à solta por Steelport e precisa ser capturado e detido enquanto é tempo.
O clone é do tipo Brute, pura massa muscular, maior em altura e extremamente agressivo.
O dlc também se dá no esquema de três missões, sendo a última onde o o personagem consome o energético para ganhar super poderes também, de força, velocidade e “hadoukens” (e que seria, de certa forma, a base para Saints Row IV).

Sad Panda Skyblazing prestes a começar!

Resumo da Ópera:

Saints Row The Third Remastered é um ótimo pacote, incluindo a campanha original, com todos os seus dlc’s; a exceção fica por conta do modo cooperativo local, agora só é possível jogar através do modo online.

O jogo continua tão divertido quanto o original, incluindo uma ótima trilha sonora e gráficos que envelheceram bem. O novo sistema de luz e sombra melhora consideravelmente a parte visual, dando um ar de cara nova ao jogo.

Alguns pequenos bugs, como algumas engasgadas no primeiro minuto de jogo (testamos a versão no modelo antigo do PS4), tiram parte do brilho, mas não estragam a experiência completa.

Num universo de diversos remasters de qualidade duvidosa, Saints Row The Third mostra como remasterizações devem ser feitas e faz jus ao legado do original, mostrando que um jogo ainda pode ser divertido e atual, mesmo uma geração e 9 anos depois.


PONTOS POSITIVOS:
– Diversão e loucuras a perder de vista
– Gráficos cartunescos realçados pelas novas sombras e luzes
– Uma trilha sonora de respeito, com diversos artistas de renome
– Uma remasterização que honra o legado do original

PONTOS NEGATIVOS:
– Algumas engasgadas no início do jogo
– Granulados em áreas muito escuras
– A qualidade em The Third ofuscou as continuações (isso é ponto negativo?)
– O jogo acaba

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