Review / Tutorial de Reflection Of Mine

* Esta análise foi feita com o código cedido pela Ratalaika (versão PS4)

Distribuidora: Ratalaika Games
Produtora: RedBlack Spade
Plataforma:  PlayStation 4 / Xbox One / Switch / PC / Linux / macOs
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020 (2017 nos computadores)

Lilly Witchgan sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade (popular Múltiplas Personalidades) e precisa descobrir qual das personalidades é a real, incluindo a própria Lilly.

Reflection Of Mine é um puzzle de terror psicológico sobre uma garota atormentada pelas suas diversas personalidades conflitantes e os embates entre as mesmas.

O diagnóstico vem logo no começo do jogo


O jogo começa no consultório do psiquiatra da protagonista, onde ele a informa sobre seus últimos atos: queimou uma igreja e um hotel, desapareceu por semanas, testemunhou um assassinato e fugiu de um hospital psiquiátrico.

É importante deixar claro aqui que o jogo possui bastante estereótipos sobre múltiplas personalidades e em nenhum momento aparenta querer tratar o assunto de maneira séria.
Portanto, se você procura um jogo que aborde o transtorno com mais acurácia, esta não é a melhor opção.

Esse é um tipo de mensagem motivacional bem diferente do usual


O jogo é dividido em quatro capítulos, cada um focado em duas personalidades simultâneas, com a aparição de uma terceira em certos casos.
Você controla duas personagens ao mesmo tempo, de forma “espelhada”, ou seja, uma em cada lado da tela, em seus respectivos cenários ou no mesmo cenário, dependendo da missão.

O objetivo é chegar ao espelho com a personagem oposta. 
O problema? Você move ambas as personagens na mesma direção, ao mesmo tempo, portanto precisa analisar os dois lados do mapa para não morrer em algum espinho ou ser atacado por algum animal (cabeças siamesas voadoras de lobo ou corujas).

O desafio do jogo consiste em mover ambas as personagens ao mesmo tempo, na mesma direção, com diferentes obstáculos


Os desafios vão se diversificando: de espinhos e estacas que saem do chão alternadamente, a obstáculos que podem ser destruídos por um lado e reconstruídos por outro com objetos arremessáveis, portas trancadas de um lado com chaves coletáveis pela personagem do outro mapa, dentre outros.

Além das fases “convencionais” (não tem nada muito convencional no jogo, mas você entendeu), existem quatro chaves distribuídas por quatro mapas de cada mundo: coletando todas de um mesmo mundo, dois estágios secretos (e bem mais difíceis) são abertos, ao final dos quais, uma das personalidades deve ser derrotada.

Teleporte, demônios e espinhos, muito espinhos! Bem-vindo aos cenários secretos


Falando na dificuldade do jogo, ela é bem alta.
A complexidade da movimentação pelo mapa me fez desenhar inúmeras setas em folhas para melhor organizar a estratégia.
O jogo é tecnicamente curto, mas não se engane com o tempo descrito no site How Long To Beat, a duração real é muito maior até resolver os puzzles (ou você é o Stephen Hawking dos puzzles de movimentação).

Mas não se preocupe, durante os estágios, checkpoints são postos, bastando posicionar as duas personagens na marcação.
Além disto, sempre que você morrer várias vezes seguidas, o jogo te dá a opção (ao menos até a dificuldade Hysteria) de participar de um minigame onde máscaras coletadas geram fantasmas mostrando parte da solução.

Uma ajudinha em momentos difíceis, coletar máscaras para ver a solução é “opcional”


O jogo possui três dificuldades: Phobia, Hysteria e Neurosis (habilitado ao se finalizar o jogo na dificuldade Hysteria).
Neurosis, equivalente ao Hard, é onde a coisa complica demais: o número de passos nesta dificuldade é contado, portanto você não pode cometer erros, além de não haver checkpoints.

Os gráficos de RoM possuem um estilo sombrio e macabro, ainda que “amenizado” por personagens Chibi.
Há bastante cor, mas em tons mais frios, sendo os cenários variados e geralmente duplicados.
Por momentos pode ser confuso precisar olhar para duas personagens e dois cenários ao mesmo tempo.

Psicose Chibi

A trilha sonora é do conjunto Tears Of Eve e tem uma mistura de música experimental e eletrônica, explorando bem a “diversidade psicótica” do jogo.

RESUMO DA ÓPERA:
Reflection Of Mine é um excelente puzzle para os fãs mais hardcores do estilo.
O desafio é bem elevado e pode se tornar frustrante em alguns momentos.
A temática é interessante e abordada por um viés menos sério, indo em direção ao terror e sem pretensões de conscientização (portanto, jogue com a mente aberta).
A arte é curiosa e agressiva/meiga ao mesmo tempo, com personagens bastante exagerados.
A trilha sonora experimental é perturbadora e acompanha bem o ritmo caótico do jogo.
Uma boa experiência para os persistentes (ou teimosos, como é o meu caso).

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