
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Bloober Team (versão PS5)
Distribuidora: Bloober Team
Produtora: Bloober Team / Anshar Studios
Plataforma: PS5 / Xbox Series X / Xbox Series S / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2020
Observer System Redux é um remake do jogo original Observer, de 2017, com melhorias em gameplay e gráfico, além de adições ao roteiro original.
Jogo de terror psicológico em primeira pessoa, acontece em um universo cyberpunk polonês.
A Distopia Polonesa
Cracóvia, Polônia, 2084.
Os implantes cibernéticos tornaram-se uma realidade para os humanos, mas por um alto preço.
A nanofagia foi uma praga digital que se espalhou entre aprimorados e matou milhares, tendo gerado guerras e um massivo vício em drogas.

A megacorporação Chiron tomou o controle da Polônia, declarando a Quinta República Polonesa e instituiu uma nova unidade policial, os Observadores, capazes de hackearem a mente dos cidadãos.

Em contrapartida, os Filhos do Nascimento Imaculado, ou simplesmente Imaculados, são pessoas que renegaram os implantes para continuar com “o corpo puro que Deus lhes deu”, sendo parte de um culto/religião e, por conseguinte, abrindo mão da conexão da mente com a internet e das melhorias físicas.
O Detetive Aprimorado
Daniel Lazarski é um Observador, um detetive da nova polícia aprimorada da Quinta República Polonesa, capaz de utilizar visões eletromagnética e biológica para identificar, respectivamente, objetos eletrônicos e traços de DNA e materiais genéticos em geral, além da visão noturna.
Além destes aprimoramentos, Lazarski pode também utilizar o Comedor de Sonhos (Dream Eater), um cabo capaz de conectar-se à mente de outras pessoas e reviver memórias e sentimentos, ainda que de maneira confusa e levemente desordenada.
Os aprimoramentos desestabilizam e causam dano à saúde mental de Lazarski, sendo necessário consumir uma droga chamada sincronize, para evitar a dessincronia da mente e visão do detetive.

Durante o recebimento de um relatório em seu carro, Lazarski recebe uma transmissão clandestina em seu comunicador, de seu filho Adam, proveniente de um conjunto habitacional de baixa renda.
Após adentrar o apartamento com a chamada original, ele descobre um corpo decapitado, ao qual não consegue confirmar a identificação, mas rastreia uma ligação perdida de alguém com as iniciais H.N., proveniente do mesmo prédio.

Ao iniciar as investigações de quem seria H.N. através de conversas pelos “interfones” dos apartamentos e se deparar com mais situações e mortes estranhas ocorridas no local, o prédio sofre um lockdown e alguns moradores entram em pânico, achando tratar-se de um novo surto de nanofagia.
O (Verdadeiro) Cyberpunk Polonês
OSR possui um estilo de universo cyberpunk levemente diferente dos estilos japonês e americano.
As estruturas comuns de um prédio de concreto mesclam-se a hologramas por todos os lados, inclusive nas paredes, como uma “pintura digital” descascada.

Objetos antigos, como máquinas de escrever, portas de madeira e velhos computadores (com um jogo puzzle ao estilo DOS, With Fire And Sword: Spiders) misturam-se à tecnologia de nanorobôs e implantes corporais.

Os aprimoramentos são muitas vezes mal implantados, causando maceração de parte do local original, criando um aspecto mais sujo e visceral.
Janus, o zelador do prédio, veterano de guerra, possui uma pele sintética grossa e mal acabada em seu lado direito do corpo.
Investigando Memórias e Sentimentos
A investigação se dá pelo interrogatório dos moradores através dos interfones e também do zelador, no primeiro andar.
Objetos podem ser escaneados com a visão eletromagnética e traços de sangue e DNA através da visão biológica.
Painéis eletrônicos podem ser hackeados através de um minigame de localizar números estáticos em meio a números em constante mudança, embora muitas vezes o hack consiga apenas um ou dois dígitos, sendo necessário conseguir o restante da senha em outros locais.

Já com o Dream Eater, o cabo de hackeamento neural, é possível acessar memórias do suspeito ou vítima, bem como suas emoções.
O mesmo se dá com pessoas mortas, embora o processo seja mais caótico e estressante para Lazarski.
Tais memórias são revividas em “tempo real”, ou seja, através do gameplay normal, caminhando e interagindo com objetos.

No entanto, dada a complexidade da mente humana, medos e traumas podem alterar a percepção de mundo, com cenários modificando-se diretamente, monstros perseguindo o protagonista e diversos glitches gráficos (propositais).
É nesta parte que o stealth e o terror psicológico se intensificam, com fugas entre salas de escritório, plantações e outros.
Além disso, monitores com riso e choro de criança precisam ser guiados em algumas partes e conectados a plugs para que não comecem a chorar.
Arte Retrofuturista
O gráfico de OSR é belo em sua complexidade, embora mostre deformidades e monstruosidades, bem como alucinações constantes, tudo embalado em um pacote que recebeu upgrade para 4K e 60fps.

O jogo possui um ótimo trabalho de dublagem, com especial destaque para o protagonista Daniel Lazarski, interpretado pelo já falecido ator holandês Hutger Hauer (Blade Runner, O Feitiço de Áquila, Conquista Sangrenta).

A trilha sonora utiliza temas sombrios e com aspecto futurista/tecnológico, com forte uso de sintetizadores. Há também o uso de corais, reforçando o aspecto de terror psicológico.
O brilhante roteiro de Andrzej Mądrzak complementa a parte artística do título, com situações inusitadas e um plot twist surpreendente (que não contarei aqui pelo spoiler, embora se trate de um remake).

A platina consiste em finalizar o jogo sem morrer, localizar todos os coletáveis, incluindo todos os cartões de pacientes com nanofagia, fazer 3000 pontos em uma corrida trapware, vencer todos os níveis de With Fire and Sword: Spiders (o minigame nos PC’s), interrogar vinte moradores, além de troféus relacionados à completude de sidequests.
RESUMO DA ÓPERA:
Observer System Redux é a experiência aprimorada (AHÁ) do título de 2017, que já brilhava pelo seu roteiro e pela mistura de cyberpunk com terror.
Uma viagem por mentes distorcidas numa distopia pós-pandemia digital, onde o ser humano se tornou um híbrido entre carne e máquina, não apenas no corpo, mas também na mente.
A atuação de Rutger Hauer mostra-se impressionante, realçada por diálogos bem escritos e situações inesperadas.
A trilha sonora e os gráficos imergem completamente o jogador no clima de suspense noir e terror futurista.
Uma pérola não tão conhecida da geração passada, relançada para que você conserte este erro grave no seu currículo gamer: obrigação MORAL experimentar este título!