
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Versus Evil (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Versus Evil
Produtora: Mad About Pandas
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series X / Xbox Series S / Switch / PC / Linux / mac Os / Apple Arcade
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2021
Hitchhiker A Mystery Game é um jogo narrativo em primeira pessoa, sobre um homem que precisa reconstruir as suas memórias através de conversas com cinco motoristas que o dão carona em uma estranha estrada.
Pegar carona não é um hábito tão comum no Brasil, ao menos com estranhos.
Por aqui, a carona é geralmente de um conhecido, mas não é assim nos EUA.
Lá, o hábito de pegar estranhos nas estradas, especialmente mochileiros, é tão comum que em muitos estados a lei proíbe tal prática.
Seja pelo fato de ser muito comum (e barato) ter carro nos Estados Unidos, seja pelo risco envolvido (tanto para o motorista quanto para o carona). Afinal de contas, você nunca sabe quem vai entrar no seu carro ou quem vai te dar carona.

Soma-se a isto o fato de as casas/propriedades americanas à beira de estrada, em especial no interior, serem muito afastadas, o que gera sempre uma desconfiança por parte de motoristas sobre andarilhos no meio do nada (em um país com grande número de serial killers, todo cuidado é pouco).
Se você está em uma estrada deserta, você pode confiar em um estranho?

Você começa no carro de um fazendeiro de passas (não uvas, passas! – Vern é enfático quanto a isto), sem saber exatamente como chegou lá.
Através de conversas com algumas opções de resposta, você vai tentando entender o que aconteceu.

Sua namorada, aparentemente, o deixou (ou está desaparecida, isto não fica claro a princípio).
Através de algumas pistas no carro e na estrada, você vai tentando remontar o complexo quebra- cabeça de suas memórias.

Ao todo são cinco motoristas que você irá encontrar, cada qual com sua personalidade e atitudes diferentes, além de um jeito específico de ver o mundo.
Vern, o fazendeiro, que possui piadas de gosto duvidoso sobre uvas e passas;
Hops, o professor atrapalhado, que está em busca de sua cadelinha perdida;
Leah, a garçonete, que possui teorias mirabolantes e conversas profundas e filosóficas;
Sayed, o turco, que relata sua tentativa de refúgio na Grécia, após escapar da guerra em seu país;
Jack…. que eu evitarei entrar em detalhes por possíveis spoilers.

O gameplay se dá, em sua maior parte, dentro dos carros, interagindo com a janela, o porta-luvas, o retrovisor, o rádio e os demais objetos presentes nos carros.
Há uma exceção para o começo da história de Leah, que se passa na lanchonete em que ela trabalha.

Alguns puzzles surgem durante a aventura, seja pelo uso de uma máquina fotográfica guiada por vagalumes, o controlar de espantalhos no campo ou mesmo a alteração do clima.
Há também conversas pelo rádio com Darlene, uma radialista que o ajudará em determinadas situações.

O mundo do jogo contesta diversas vezes a realidade e Leah vai encher a sua cabeça com teoristas filosóficas sobre a real existência presente e robôs dublês.
Tudo isto se dá através de um gráfico caricato e colorido, com personagens vívidos e carismáticos, embora ainda assim estranhos.

O protagonista é chamado apenas de Copérnico, em referência ao astrônomo polonês criador do Heliocentrismo (a teoria de que os planetas giravam ao redor do Sol).
Ele próprio não sabe exatamente o que aconteceu com sua namorada e vai relembrando acontecimentos durante as conversas com os motoristas, embora desconfie de alguns.

O trabalho de dublagem é excelente, com vozes claras e com bastante personalidade por parte dos motoristas (Copérnico responde apenas através de texto, não possuindo voz em praticamente todo o jogo).
A trilha sonora é mais pontual, sendo usava em momentos específicos no rádio ou durante as pausas cênicas, quando o motorista para de conversar e é possível investigar alguns objetos até que se interaja novamente com o personagem.
A platina é bastante simples, sendo os troféus relacionados a terminar cada carona (ou seja, cada capítulo) e alguma interação/decisão presente dentro do mesmo.

RESUMO DA ÓPERA:
Hitchhiker A Myster Game é uma imersiva experiência de “investigação” e mistério passada dentro de carros, no banco do carona.
A narrativa fragmentada e confusa ajuda no desenvolvimento da trama e no ar de incerteza de Copérnico, que não sabe o que aconteceu com sua namorada e mesmo com seu relacionamento.
Fortemente baseado no diálogo, o roteiro do jogo brilha nas conversas e personalidades diferentes de todos os motoristas, bem como na criatividade do mundo apresentado, repleto de situações surreais.
A localização para o Português é competente, com até mesmo citações à brasileira ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), mostrando um cuidado para não apenas traduzir termos, mas colocados na realidade do país do idioma em questão.
Uma aventura instigante, Hitchhiker A Mystery Game consegue manter a atenção e a curiosidade do jogador num minimalista banco de carona.