A Era das Grandes Navegações, um período onde nações ditas mais civilizadas e povos tribais geraram grandes choques culturais, com diferentes credos e superstições dominando a imaginação de ambos os lados.
Também conhecida como a Era dos Descobrimentos, pela rápida expansão de avanços tecnológicos nas áreas da ciência e da guerra, tal período histórico marca o fim da Idade Média e o surgimento de novas ideias sobre o mundo, que acarretariam na Renascença.
É nesse período histórico, aliado à uma curiosa ficção fantástica, que o estúdio francês Spiders nos traz GreedFall.
Olá amigos, aqui é o Musashi e hoje trago a vocês a análise deste RPG ocidental que pode ter passado batido pela maioria dos jogadores, mas consolida a Focus como uma grande publicadora de jogos AA, tão escassos no mercado atual.
Distribuidora: Focus Home Interactive
Produtora: Spiders
Plataforma: PC/PS4/Xbox One
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2019
Fugindo da habitual fantasia medieval com elfos e dragões, temos aqui um mundo em expansão, com colonizadores (baseados nos europeus) numa corrida pela conquista da ilha Teer Fradee, sendo esta povoada pelos donedaiga, nativos da ilha com habilidades naturais/místicas (baseados em uma mistura entre elfos, celtas e povos indígenas, possuidores de uma língua própria).
Além disso, a ilha possui uma fauna diversificada, com animais do nosso mundo e monstros, dentre eles os guardiões, seres imensos, protetores da natureza (alguns com características “cthulianas“, outros mais inspirados na mitologia celta).

Você encarna De Sardet, um nobre “europeu” (homem ou mulher, à escolha do jogador) que parte numa viagem a Teer Fradee como “Legado” da Congregação Mercante, fazendo as vias de emissário de seu primo, o Príncipe Constantin d’Orsay, nomeado governador de New Serene, cidade estabelecida na ilha. Ao mesmo tempo, De Sardet busca a cura para o malichor, uma praga que se abateu sobre o velho mundo.
Teer Fradee guarda ainda outro segredo: é o local onde teria ido São Mateus em seus momentos finais, profeta que ensinou seus devotos a usarem a magia da luz. Tal teoria sobre a ilha advém dos textos de São Lúcio, discípulo de São Mateus, que descreveu um local “paradisíaco” como o descanso do profeta.
Estruturalmente, GreedFall lembra bastante os RPG’s da Bioware, como Mass Effect e, especialmente, Dragon Age.
De Sardet conta com a ajuda de 5 companheiros, sendo até dois utilizáveis por vez. Tais ajudantes são completamente controlados pela máquina, sendo possível ter um envolvimento romântico com 4 deles, excluindo-se Petrus.
O grupo é composto por: Síora, uma nativa da ilha, filha de rainha Bládnid; Kurt, membro da Coin Guard e enviado como protetor do príncipe Constantin em Teer Frade; Vasco, comandante do navio responsável pela expedição à ilha; Petrus, bispo guerreiro de Thélème; Aphra, membro da Bridge Alliance e estudiosa sobre o malichor.

Cada membro possui uma extensa linha de sidequests de confiança, que podem abrir caminho para o romance e aumentar a confiança da facção correspondente ao personagem.
O combate do jogo é bem fluído, tendo bastante opções como combate direto com armas brancas, à distância com armas de fogo e magias, além do uso de poções específicas; conta ainda com uma câmera tática, podendo ser pausado a qualquer momento para acesso a menu.

Na evolução de personagem, temos habilidades, atributos e talentos. Todos eles afetam diretamente o gameplay, sendo através de passagem por aberturas estreitas e saltos mais longos até opções extras de diálogo, investigação em algumas partes, ativação de áreas extras e até mesmo a permissão de uso para certas roupas/armaduras e armas.
Talentos e Atributos podem ser conseguidos apenas através da evolução de personagem, mas pontos de personagem podem também ser encontrados em altares escondidos em algumas regiões.
Muitas vezes opções diplomáticas podem resultar em melhores avanços nas quests e na confiança das facções, bem como na opinião dos companheiros em relação ao protagonista.
Objetivos secundários em quests podem criar novas opções diplomáticas ou mesmo revelar desejos ocultos dos NPC’s.
Existem mais opções táticas, como por exemplo o uso de poções para fazer guardas dormirem, evitando o combate, e o uso de uniformes para infiltração, além do bom e velho stealth.
Graficamente GF se divide em dois aspectos: cenários bastante bonitos e coloridos, monstros bem detalhados e variados; alguns personagens, no entanto, possuem uma aparência feia, com rosto mais parecendo manequins, o que é o principal ponto negativo do título.

Ao passo que graficamente os personagens não agradam, a estrutura das missões e o roteiro dão um show à parte, característica comum nos títulos da Spiders (como Technomancer e Bound By Flame).
A trilha sonora, composta por Olivier Derivière, possui aspectos mais clássicos e refinados, como pianos e violinos, nas partes mais civilizadas do mundo, contrastando com os tambores das partes tribais e do mundo selvagem.
Em resumo, GreedFall possui algumas falhas técnicas, mas garante muitas horas de diversão ao fã de RPGs ocidentais. É uma ótima pedida para os órfãos da Bioware, surpreendendo com bons diálogos e um ótimo roteiro, além de um mundo complexo de magia e política.
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