Review / Tutorial de Dull Grey

* Esta análise foi feita com o código cedido pela Sometimes You (versão PS4/PS5)

Distribuidora: Sometimes You
Produtora: Provodnik Games
Plataforma: PS4 / PS5 / PS Vita / Xbox One / Xbox Series X / Xbox Series S / Switch / PC
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020 (PC) / 2021 (consoles)

Dull Grey é um visual novel sobre a relação entre mãe e filho, escolhas, pressão social e uma sociedade decadente retro-futurista.

Escrever sobre Dull Grey pode ser complicado, tanto pela possibilidade de spoilers (estamos falando de um visual novel) e também pela mecânica que, apesar de extremamente simples, esconde um pequeno truque que será descoberto conforme se joga múltiplas vezes.

A mãe faz a pergunta e a mãe mesmo responde pelo filho

DG se passa em um mundo retro-futurista, possivelmente pós-apocalíptico (embora isto não seja definido em nenhum momento) onde robôs roubaram o emprego de muitas pessoas.
Para controlar a vida da população, foi criado o programa Progresso, um complexo sistema que define o futuro da vida de cada cidadão, baseado na escolha de sua profissão.

Os robôs acabaram substituindo muitos trabalhadores (embora ainda sejam controlados remotamente)

Kiryusha vive junto de sua mãe e a avó (que aparenta certa senilidade, não lembrando do neto).
Após a trágica morte de seu pai, que trabalhava como acendedor de lâmpadas, criando trilhas para os robôs, Kir e sua mãe partem em busca do Navegador, o responsável por colocar em curso o destino do jovem através do programa Progresso.

A jornada de Kiryusha e sua mãe pela cinzenta paisagem russa


Desde o começo, a mãe de Kir questiona o emprego que o jovem quer: acendedor de lâmpadas (como o pai) ou um contador (ou conferente, tallyman no inglês*)?
O “contador” aqui é retratado mais como um burocrata/tecnocrata que não é bem visto pela sociedade.

* Vale ressaltar que o jogo está em três idiomas: Inglês, Espanhol e Russo

Apesar de apenas duas decisões apresentadas pela mãe, o jogo conta com diversas possibilidades (e 11 finais diferentes).
A maneira como se vai além das duas decisões iniciais é justamente o grande trunfo do jogo e, portanto, algo que não posso relatar para não estragar a experiência do leitor/jogador.

Kir “conversa” com sua prima, Yana: rapaz de poucas palavras


Conforme progredimos, vamos entendendo um pouco sobre o mundo, através de pequenos fragmentos de conversas com outros personagens: o tio de Kir, um homem quase robótico, sem muita emoção; um revolucionário que se opõe ao sistema do Progresso e o Navegador, um sujeito de brilhantes olhos (implantados).

Korney, o tio apático de Kir, é um idealista quando o assunto é o programa Progresso

Arte e trilha sonora seguem o estilo minimalista da narrativa, com desenhos simples e uma paisagem estática mostrando a jornada da dupla, alternando com imagens dos acontecimentos.
Violino e sintetizador compõem a trilha, com um clima melancólico.

A platina consiste em fazer os 11 finais.
É relativamente rápida, uma vez que você compreende melhor o jogo.

RESUMO DA ÓPERA:
Dull Grey é uma imersiva experiência minimalista e, ao mesmo tempo, carregada de complexos assuntos.
Distopia, livre arbítrio, conformismo e inconformismo são representados na curta aventura.
Afora o simples retroceder e avançar das páginas com L1 e R1 e a escolha com X, a “mecânica secreta” que permite os múltiplos finais dá um charme especial à obra.
O roteiro é repleto de pequenas dicas sobre o mundo apresentado, deixando bastante espaço para interpretação.
É verdade que de início tive dificuldade para entender o jogo, precisando zerar algumas vezes para que a “ficha caísse” mas, quando isto acontece, a genialidade se agiganta perante seus olhos, como se a verdade fosse finalmente vista pelo jogador, após um véu de incertezas ser removido diante de seus olhos (assim como a mente de Kiryusha percebe as possibilidades).

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