
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Digerati (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Digerati
Produtora: Digital Happiness
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series S/ Xbox Series X / PC
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020 / 2022

DreadOut 2 é um jogo de terror baseado no folclore e lendas urbanas indonésios.
UM FOLCLORE PERTURBADOR
A Indonésia, situada no sudeste asiático, é uma nação formada por diversas ilhas e diferentes etnias, o que garante uma grande diversidade de criaturas e entidades.

O vasto folclore abriga uma infinidade de seres, mas como DreadOut 2 trata-se de um jogo de terror, obviamente o foco maior é justamente nas sombrias criaturas sobrenaturais, como o Pocong, o Kuntilanak e o Buto Ijo, aos quais não entrarei em detalhes pois o próprio jogo conta com descrições das entidades.
DE VOLTA AO PESADELO
Após os trágicos eventos de DreadOut, Linda Melinda segue sendo assombrada por fantasmagóricas criaturas.
Sua habilidade de ver e sentir espíritos é tanto um dom quanto uma maldição.


Enquanto tenta seguir normalmente com a vida de estudante, morando em uma pensão, Linda ouve comentários maldosos e fofocas sobre si própria, por parte de todos na escola.
Mas o constante burburinho nos corredores do colégio (sobre seu envolvimento nos eventos do passado) é o menor de seus problemas!
Estranhos sonhos e apagões acontecem com a jovem, conectando-a a inúmeras criaturas sobrenaturais.


BUT FIRST, LET ME TAKE A SELFIE!
A relação entre espíritos e fotografias não é de hoje.
Vários povos acreditavam (e alguns ainda acreditam) na interferência das imagens capturadas com as almas, seja aprisionando ou compartimentando a dos que são fotografados, ou mesmo revelando espectros presentes.


Não é diferente em DO2, mas aqui temos a (necessária) modernização do tema, com os celulares funcionando como câmera e também lanterna.
A principal “arma” de Linda é seu próprio celular, capaz de revelar entidades e “exorcizá-las”.


Com um simples clique, uma foto normal é guardada na galeria, podendo causar um pequeno dano às entidades, se bem enquadrado. Segurando o botão, no entanto, é que o disparo carregado se faz mais forte, com um círculo vermelho de energia indicando a força da foto.

O enquadramento, no entanto, é de vital importância, sendo que a foto só irá afetar os inimigos quando uma distorção na imagem se fizer presente no momento do disparo.
Ao acertar o inimigo, pequenas partículas saem de sua essência.
QUANDO FOTOS NÃO BASTAM…
Nem só de espíritos vive DreadOut 2, e estes inimigos com corpo físico não são sofrem dano das fotos (bom, apenas suas retinas, ficando temporariamente cegos).
Nestes horas, um machado serve como arma.

Com R2 é possível golpear os inimigos, mas Linda não possui muita força, fazendo com que o tempo de recuperação entre os golpes seja maior, deixando-a exposta a ataques nesse meio tempo.
Para ataques mais efetivos, recomenda-se cegar o inimigo com o flash da câmera e atacá-lo pelas costas, causando assim mais dano.

STEALTH SOBRENATURAL
Em alguns momentos, o stealth se faz necessário, quando a perseguição de um inimigo mais poderoso acontece.

Esconder-se em pilhas de corpos, macas com lençóis e cadáveres ou mesmo gavetas de necrotério é uma estratégia válida para sobreviver… mas não necessariamente agradável.
Nestes momentos, é preciso aprender a rota do inimigo, até o momento seguro para poder sair do esconderijo e continuar procurando a melhor rota.


Desarmada e sem o celular, alguns itens do cenário podem servir para atrasar o perseguidor, ainda que apenas como obstáculo temporário, enquanto Linda procura um esconderijo.

Como aliado, temos um misterioso gato branco, que surge em alguns momentos, guiando a protagonista e indicando a posição de alguns espíritos.
INVESTIGANDO LENDAS URBANAS
Ouvir rumores pela cidade pode ajudar a descobrir lendas urbanas.
A pequena Professora Mona investiga tais lendas, cabendo a você reportá-las quando concluídas.


As lendas consistem em manifestações de energia em objetos ou locais, sendo a interação direta com algumas criaturas possíveis através da sensitividade de Linda.

Tais lendas urbanas são baseada em lendas “reais”, ou seja, relatos comuns na Indonésia, inclusive com algumas fotos de objetos e locais reais…

ARTE SOBRENATURAL
O gráfico de DreadOut 2 não é exatamente seu ponto forte, embora possua um certo charme.
Provavelmente por uma questão orçamentária, a modelagem dos personagens e entidades possui uma certa limitação que, em outros estilos seria facilmente algo a ser criticado, mas para o terror, acaba funcionando.

As próprias criaturas do folclore indonésio ajudam neste ponto, com aspectos diferenciados, como o Pocong (envolto em sua mortalha).
O jogo também utiliza-se bem do contraste de luz e sombra, ficando o gráfico mais prejudicado durante as partes diurnas.

Os cenários são grandes, variando entre a cidade onde mora a protagonista, uma localidade rural, um hotel, a escola e um hospital, como áreas principais.
Há locais que sequer serão vistos, caso você não vá atrás das lendas urbanas, como um grande cemitério, por exemplo.

A exploração torna-se importante para ouvir mais boatos e descobrir a localização de possíveis lendas urbanas.
Algumas aparições extras de entidades podem fazer-se presentes.

A trilha sonora utiliza músicas tradicionais locais, bem como metal (abaixo) em algumas batalhas.
A engenharia de som destaca-se pelos sons agudos que intensificam o nervosismo do jogador e sons distantes, como risadas sem origem aparente.
Se você quiser uma dose extra (e cruel) de imersão, utilize um fone de ouvido POR SUA CONTA E RISCO.
FANTASMAGÓRICA PLATINA
A platina de DO2 não chega a ser complicada, embora envolva alguns troféus “conjugados”.
Concluir todas as lendas urbanas de Mona ajudará no processo de visitar todas as localidades (algumas só são acessíveis por esta maneira).

Falar com todas as entidades “amigáveis” consta como um dos troféus, bem como matar alguns inimigos pelas costas e completar a lista de entidades (que também depende da conclusão das lendas).
Há seleção de capítulos após finalizar o jogo, ajudando no processo de revisitar troféus perdidos.
RESUMO DA ÓPERA:
DreadOut 2 é um mergulho profundo no complexo e sombrio folclore indonésio, repleto de criaturas vingativas e amaldiçoadas.

O gráfico com polimento razoável é compensado pelo ótimo uso de luz e sombras e a trilha sonora e engenharia de som atmosféricas.
A combinação do uso do celular como ferramenta com o machado como arma para criaturas mais palpáveis é uma boa adição.
O stealth também brilha, trazendo uma tensão extra ao terror.

A mecânica de tirar as fotos das entidades, em especial nos chefes, carece de um pouco de balanceamento, uma vez que o perfeito enquadramento da distorção para causar o dano durante os combates pode gerar momentos de dificuldade elevada.
Isso fica mais evidente na batalha contra o tigre, ainda no meio do jogo, que se torna um desafio hercúleo dada a mobilidade do inimigo e seus padrões de ataque.

DreadOut 2 é uma sólida experiência de terror, apresentando um universo macabro e desesperador nas mãos de uma jovem estudante.
Alguns pontos no polimento e balanceamento tiram parte do brilho da experiência, que talvez tenha sido muito ambiciosa para o estúdio, mas ao mesmo tempo mostra um futuro promissor para os desenvolvedores.