Re-Review / Tu-Tutorial de Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning

* Esta análise foi feita com o código cedido pela THQ Nordic (versão PS4)

Distribuidora: THQ Nordic
Produtora: Big Huge Games / Kaiko Gmbh
Plataforma:  PlayStation 4 / Xbox One / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2020

Kingdoms Of Amalur Reckoning foi criado originalmente por um Dream Team: Ken Rolston (designer de The Elders Scrolls), R. A. Salvatore (autor de romances do universo Forgotten Realms e Star Wars), Todd McFarlane (desenhista de diversas HQ’s e Graphic Novels) e Grant Kirkhope (compositor da Rare).

Ironicamente, quis o destino que a grandiosidade do projeto não fosse bem sucedida em seu lançamento, na época pela Electronic Arts.

Destino e ironia são as palavras-chave aqui: assim como o personagem principal do jogo que morreu e retornou, o mesmo aconteceu com o jogo, agora pelas mãos da THQ Nordic, empresa que também “morreu” e voltou (a THQ original faliu em 2013, voltando em 2016 como THQ Nordic).

Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning é um remaster do RPG ocidental single player de 2013, contando com todos DLC’s do original, incluindo pacotes de armas e armaduras e as duas expansões (The Legend Of Dead Kel e Teeth Of Naros).

*Ao começar um jogo e criar seu personagem, é importante ter cuidado ao criar o nome do personagem. Um bug do jogo original pode causar um looping ao tentar escrever manualmente. Para evitar tal problema, recomenda-se utilizar um dos nomes gerados aleatoriamente.

Guerreiro Sem Destino

O mundo de Amalur é regido pelo Destino, sendo cada criatura, mortal e imortal, predestinada desde o nascimento.
Entretanto, o personagem principal, que começa o jogo morto, sendo transportado por dois gnomos em uma carroça, renasce como o Sem Destino (Fateless One).

Acabei de ressuscitar e já arrumei confusão


O protagonista volta ao mundo dos vivos sem memórias de seu passado e com o futuro aberto à sua frente, podendo alterar o destino de outros personagens através de suas ações.
Devido a este fato, os Fateweavers, leitores do Destino de todos os seres através do Tecido do Destino (Fate’s Weave) não podem ler o protagonista.

O personagem morreu em combate na Guerra do Cristal (Crystal War), contra os Tuatha Deohn (uma raça corrompida dos Fae do Inverno).O Destino determinava a vitória dos Tuatha Deohn na Guerra do Cristal, mas o surgimento de um Sem Destino muda isto.

Os Povos de Amalur e Sua Cultura

Planejado originalmente como um MMORPG, o lore de Reckoning é riquíssimo e muito bem detalhado.
O universo conta com raças conhecidas de RPG’s (algumas com diferentes nomenclaturas), mas também com criações próprias.
Kobolds, Trolls, Alvar (Elfos), Humanos e Aranhas contracenam com Boggarts, Crudocks, Faer Gortas e Skavs, dentre outros.

Os Fae são eternos, renascendo para reviver glórias do passado


Gnomos assumem o lugar dos tradicionais anões, modificando a estrutura tecnológica do mundo. Anões são conhecidos por serem mestres armeiros e ourives, enquanto Gnomos praticam alquimia e trabalham com “tecnologia fantástica”, envolvendo magia e autômatos.
Além de inúmeros livros espalhados pelas cidades, contendo lendas e acontecimentos históricos do mundo de Amalur, Lorestones (grandes rochas mágicas) possuem narrações sobre feitos dos povos.

O Guerreiro Multiclasse 

O personagem principal de Reckoning não possui buildings fixas, ou seja: ele pode aprender diferentes artes e manejos de armas e técnicas sem precisar mudar de caminho.
Como você joga e evolui o personagem afeta o destino que ele terá: um guerreiro, um mago, um rogue, um ladino

Um Bolgan correndo na sua direção nunca é um bom sinal!


Conforme avança no jogo, diferentes Destinos surgem, com a combinação de suas escolhas, gerando diferentes bônus para o personagem.
É sempre possível resetar o Destino do personagem achando um Fateweaver no mundo.

Os diferentes Destinos do protagonista são representados por cartas (Crusader acima)


A cada subida de nível, você recebe três pontos para distribuir entre três categorias de atributos: Força, Magia e “Sensibilidade/Aptidão” (Finesse no original). O número de pontos gastos em cada categoria desbloqueará diferentes Destinos, incluindo Destino Mistos.
Novos Destinos também são desbloqueados ao se cumprir determinadas ações da história.

Habilidades e Adaptação

Dentre as habilidades do personagem, além do combate com múltiplas armas, é possível usar magias, roubar itens de inimigos distraídos e apunhalá-los. Habilidades de ferreiro e alquimista também estão disponíveis.

A lábia pode ser usada para convencer NPC’s, criando linhas de diálogo extras e evitando certos combates.
Nenhuma destas habilidades é excludente em relação às outras, sendo possível aprendê-las simultaneamente.

Literalmente executando um inimigo com a força do Destino


Além disto, o personagem possui um poder especial relacionado ao Destino que, ao ser ativado, deixa o usuário mais rápido e forte que os adversários, atordoando estes até que a barra se esvazie.
Ao aproximar-se de um inimigo atordoado, é possível executá-lo em grande estilo, criando armas especiais de energia.

Equipamentos

O arsenal de armas conta com espadas longas, espadas grandes, adagas duplas, chacrans (lâminas redondas arremessáveis), arcos, martelos, cajados, Faeblades (punhais com habilidades especiais), varinhas, cajados e cetros.
É possível obtê-las de corpos de inimigos, comprá-las ou mesmo forjá-las. Algumas possuem slots para gemas alquímicas que atribuem status extras.

Não importa o quão fortes sejam as armas e armaduras, é sempre necessário reparar e consertar


Já as armaduras e vestimentas possuem diferentes partes, entre capuzes/capacetes, peitorais, robes, “saias”, pernas e braços, além dos escudos.
Seguem as mesmas regras das armas, descritas acima.

É importante notar que o uso das armas e a quantidade de dano recebido nas armaduras/vestimentas e escudos podem danificar e até mesmo quebrar os equipamentos.
Para evitar isto, é necessário recorrer a kits de reparo ou encontrar pessoas capazes de consertá-los mediante pagamento.
Os equipamentos quebrados ainda podem ser consertados, nunca sendo totalmente destruídos (apenas perdendo suas funções).

Pode ser a armadura inimiga, mas convenhamos que ela tem estilo


Além de ser possível vender os equipamentos e os itens, é possível também descartá-los na opção Junk (o item em questão desaparece). Armas e armaduras podem ser desmontadas em mesas de ferreiro, gerando componentes que podem ser usados para reforjar outros equipamentos.

Missões, Missões e Missões

As quests de Reckoning se dividem em quatro tipos:
Main Quest – As missões principais da trama, giram em torno do guerreiro sem Destino e das implicações de sua volta à vida no reino de Amalur;

Sidequests – As (numerosas!) missões secundárias, de variados tipos, surgem durante a exploração dos mapas. Embora opcionais, são geralmente rápidas e boas para evoluir o personagem;

Tarefas – Pequenos trabalhos que geram dinheiro e um pouco de experiência, podem ser obtidas com alguns personagens espalhados pelo mundo ou em murais nas cidades, podendo ser repetidas diversas vezes; geralmente envolvem a coleta de materiais;

Facções – Missões sequenciais envolvendo uma trama “paralela” de alguma facção específica ou povo. Em menor número, as facções possuem uma longa linha de missões paralelas, além de equipamentos e sidequests próprias.
As facções estão divididas em: Gravehal, House Of Ballads, House Of Sorrows, House Of Valor, Travelers, Scholia Arcana e Warsworn.

Teeth Of Naros é uma expansão focada no povo de pedra Kollosae


Originalmente lançados na forma de DLC’s, The Legend Of Dead Kel (uma viagem à ilha de Gallows End, onde o pirata homônimo tiraniza os mares com o poder recebido por uma deusa) e Teeth Of Naros (uma área montanhosa do povo gigante autômato Kollossae, com forte inspiração grega). Naros é uma “continuação indireta” de Dead Kel.
(Dead Kel traz a facção Gravehal, já House Of Valor era um DLC promocional na geração passada, que acabou por tornar-se gratuíta com o tempo)

As Paisagens de Amalur e Sua Sinfonia

Graficamente, Re-Reckoning não impressiona no aspecto remaster, tendo poucas melhorias perceptíveis. Alguns efeitos de luz e textura foram melhorados, mas o pacote parece bastante semelhante ao original.
Contudo, a arte cartunesca e estilizada se mostra atemporal, tornando as paisagens e personagens ainda agradáveis aos olhos.

Os Fae possuem reinos mais lúdicos


As diversas áreas repletas de cavernas, masmorras e vilarejos, desertos, florestas e ilhas podem ser explorados a pé, com loadings de transição relativamente rápidos.
O uso de fast travel é indicado e bastante intuitivo, permitindo acessar diretamente qualquer ponto já explorado (com exceção da ilha de Gallows End, que precisa ser acessada pelo porto de Rathir).

A trilha sonora é composta por temas épicos, com forte inspiração no estilo da trilogia de filmes O Senhor dos Anéis.
O jogo é completamente dublado.
Cada NPC possui ao menos uma fala e todos os diálogos (e acredite, são horas e horas de texto) possuem dublagem competente.
O esforço envolvido é monstruoso, até mesmo os contos encontrados nas Lorestones são cantados/declamados.

RESUMO DA ÓPERA

Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning é um RPG muito ambicioso, que sofreu por um golpe de azar na geração passada, tendo passado despercebido por boa parte do público.
Um jogo que facilmente se equipara em escopo a Skyrim ou Fallout, possuindo a vantagem do combate pensado em 3D, com esquiva e counter, tornando-o mais palatável aos jogadores desacostumados com RPG’s ocidentais.

A forte inspiração nos RPG’s de mesa se faz presente na forma épica com que a história é contada, mesclando mitologias fantásticas já conhecidas do público e criações/adaptações próprias.

Alguns pequenos deslizes aqui e ali em bugs de carregamento de personagens e um gráfico datado tiram parte do brilho da experiência que, afinal de contas, já é de uma geração passada, embora ainda desconhecida por muitos. A arte estilizada ameniza o impacto visual negativo.

O sistema de sidequests quase infinitas pode ser um ponto favorável ou negativo, dependendo do seu nível de complecionismo.
Os DLC’s possuem boas horas de conteúdo extra além do conteúdo já bastante extenso do jogo base original.

Um RPG ocidental que passou batido por muitos, Kingdoms Of Amalur Re-Reckoning é uma ótima pedida para os veteranos e novatos do gênero, possuindo inúmeras horas de diversão.
Se você está precisando imergir em um mundo gigantesco e rico (especialmente em tempos de distanciamento social), você achou o jogo certo!

PONTOS POSITIVOS:
– lore riquíssimo
– toneladas de conteúdo extra
– jogabilidade leve
– sistema de evolução misto, com classes mescladas

PONTOS NEGATIVOS:
– gráficos sem grande renovação
– pequenos bugs no carregamento de alguns personagens- alguns bugs herdados da versão antiga (vide explicação no começo do texto)

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