Recentemente fui surpreendido por esta pergunta.
Embora a resposta pareça óbvia inicialmente, nunca havia parado para pensar sobre o porquê de escrever reviews.
É claro, os reviews possuem um propósito existencial específico: informar sobre o jogo em questão.
Mas o que impele alguém a escrever o texto em si?
Uma pergunta bastante pessoal, então só poderei responder sob a minha ótica.
Somos um site amador, então não recebemos para escrever, fazendo isso em nosso tempo livre.
Recebemos os códigos das agências que trabalham para as empresas publicadoras e desenvolvedoras dos jogos.
Os PRs (Public Relationship – Relações Públicas) fazem a ponte de ligação entre a empresa e o site, oferecendo os jogos para review e comunicando datas de embargo, prazos, etc.
Ou seja, trabalhamos num sistema de permuta.
Recebemos os códigos para escrever os reviews, entregando divulgação e, de certa forma, publicidade “gratuita” para o título e a empresa. Em troca, não pagamos pelos jogos o que, acredite, é uma bela recompensa (especialmente na situação econômica atual).
Enquanto site amador, uma parte das vantagens é que não somos cobrados quanto às opiniões: podemos falar exatamente aquilo que achamos do jogo (salvo revelar demais alguns detalhes ou exigências específicas).
Mas temos uma liberdade que grandes publicações muitas vezes não possuem.
A desvantagem é o curto tempo disponível para jogar e escrever, cada um com sua vida pessoal “no caminho” (trabalhar, estudar, filhos, etc).
Voltando ao assunto principal, comecei a escrever sobre jogos por uma insatisfação do que lia sobre os mesmos.
Reviews claramente corridos para serem entregues no prazo, onde o reviwer não havia explorado o suficiente ou desconhecia mecânicas.
Um jogo que me vem à mente é Middle-Earth: Shadow Of War.
Reclamações de quem estava fazendo review, mesmo antes de publicar o texto em si, davam conta de que os jornalistas precisavam de 60 horas para o capítulo final do jogo.
Acontece que eu comprei o jogo na pré-venda e joguei-o no lançamento. E eu PLATINEI o jogo em 62 horas.
Se eu fiz isso no meu tempo livre, como era possível que os jornalistas precisassem de muito mais tempo?
A resposta era simples: correndo para finalizar o jogo o mais rápido possível, a dificuldade se tornava maior, pois o conteúdo extra garantia exércitos mais fortes, essenciais para o final do jogo.
Ao correr fazendo apenas as quests principais, um grind gigantesco seria necessário para chegar preparado ao final.
Veja bem, eu não estou julgando os profissionais em si, pois prazos são realmente complicados, especialmente quando esta é a sua profissão e existem muitos jogos a serem noticiados.
O problema é que esse trabalho apressado estava desinformando o público em geral, afetando pessoas que deixariam de comprar o jogo por opiniões injustas.
Esse foi um dos pontos importantes ao aceitar o convite para participar do site.
Não, eu não acho que vá mudar a indústria com meus reviews amadores, mas estou fazendo ao menos a minha parte.
O outro ponto é que eu notava um claro pessimismo sobre os jogos.
Sim, vivemos uma época complicada, onde muitos jogos são lançados incompletos, com uma série de bugs e falhas que são corrigidos posteriormente (ou não), temos dlcs e microtransações em excesso e uma série de outros problemas
Apesar disto tudo, vivemos uma época com grande oferta de diferentes jogos.
Gêneros praticamente mortos, como os JRPG’s voltaram com força na geração retrasada, novas subcategorias surgiram, os indies evoluíram e se popularizaram… desde a metade da vida de PS3 e Xbox 360, temos a maior oferta que já tivemos de títulos variados.
Ouvindo podcasts e lendo foruns, no entanto, vejo muito negatividade sobre a indústria, até mesmo ameaças a desenvolvedores, preconceito por uma grande parcela dos jogadores, review bombs, etc.
Eu sou uma pessoa negativa em muitos aspectos da vida (praticamente todos, niilismo na veia, positivismo na cadeia), mas isso muda quando o assunto são jogos.
Um dos meus principais hobbies, encaro com muita satisfação o que aconteceu com a indústria, embora reconheça seus problemas.
E queria transmitir o que os jogos têm de bom, o que é possível através dos reviews e mesmo de textos opinativos (como esse).
Claro, fazer reviews não é apenas falar bem dos jogos, a crítica faz parte do processo.
Mas sempre que possível, tento mostrar o lado bom dos títulos em questão, cuidando para não exagerar ou deixar que os jogos “de graça” afetem meu julgamento.
E é por isso que eu escrevo sobre jogos.
(Pena, te dou a razão, essa coluna é uma terapia que eu faço e publico)