Com o lançamento de Far Cry 6, a rinha de galos, presente no jogo, foi criticada por entidades protetoras dos animais, como a PETA.
Mas será mesmo motivo para manifestação?
A “People for the Ethical Treatment of Animals” (Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais) é uma organização não governamental, fundada nos anos 80, com o intuito de preservar os direitos dos animais.
A ONG, responsável pela conscientização da causa animal, seja através de propaganda, denúncias ou protestos, já promoveu outras ações contra a indústria dos video games.
De Cooking Mama a Assassin’s Creed Black Flag, passando por Pokémon, Super Meat Boy e até Mario, a ONG trava uma longa batalha contra os games.
Não seria diferente com relação à rinha de galos de FC6, claro.
Que fique bem claro: a rinha de galos real é , de fato, uma crueldade com os animais.
As aves são gravemente feridas, sofrem mutilações, etc. Tanto que ela é proibida na maior parte dos países e configura crime (incluindo prisão de dois a cinco anos no Brasil).
O problema, no entanto, é separar aquilo que é virtual do real.
Quando jogamos, na maior parte dos casos, realizamos ações questionáveis: matamos, roubamos, sequestramos, espancamos, esquartejamos e até torturamos, atividades que (ao menos em tese) não seríamos capazes de executar na vida real.
Quando atiramos em um policial ou atropelamos um civil inocente, estamos executando algo que não condiz com a nossa índole.
Este debate sobre a violência influenciar os jogadores é bastante batido, mas de certa forma volta à tona com esta questão em FC6.
A rinha de galos virtual dificilmente fará com que pessoas se tornem fãs do jogo de apostas.
A fantasia faz parte dos jogos; no próprio Far Cry 6, você pode se curar arrancando uma bala de fuzil do seu braço com um alicate, sem anestesia ou mesmo apagar o fogo do seu corpo batendo nos próprios braços.
A compreensão de que estamos vivendo uma fantasia ao jogarmos é parte do que nos torna racionais e, mais do que isto, mostra a maturidade que temos enquanto jogadores.
A classificação etária nos jogos existe justamente para medir este nível de maturidade: se o seu filho está jogando abaixo do indicado, você tem o dever como pai (ou mãe) de impedi-lo de continuar ou, caso ache que ele tem maturidade suficiente para entender, explicar para a criança a diferença entre realidade e fantasia.
É assim que aprendemos, na vida, o que podemos ou não fazer.
Nossos pais nos ensinam limites (ou ao menos deveriam) e nós fazemos o mesmo com nossos filhos, quando chega a nossa hora.
Agora, se você precisa remover uma rinha virtual de galos de um jogo para que isto não influencie as pessoas, em um jogo onde matar seres humanos é algo trivial, talvez esteja na hora de rever os seus conceitos…