* Esta análise foi feita com o código cedido pela Electronic Arts  (versão PS5)

Distribuidora: Electronic Arts
Produtora: Motive Studios
Plataforma:  PS5 / Xbox Series S / Xbox Series X / PC
Mídia: Física e Digital
Ano de Lançamento: 2023

Dead Space é um survival horror espacial, remake do jogo original (2008), que acontece na nave de mineração USG Ishimura, onde um engenheiro vai para realizar reparos, mas acaba se deparando com uma realidade assustadora.

DE VOLTA À ISHIMURA

Isaac Clarke, engenheiro, está a caminho da nave/estação espacial de mineração USG Ishimura, próximo à órbita de Égide VII.
Além da manutenção que irá performar na nave, ele possui outro interesse: visitar a namorada, Dra. Nicole Brennan, que partira em missão meses antes, para trabalhar na ala médica da estação.

Clarke está a bordo da USG Kellion, comandada pelo chefe de segurança Zack Hammond, os oficiais de segurança Aiden Chen e Hailey Johnston (ambos pilotando a Kellion até a chegada à Ishimura) e a técnica em computação Kendra Daniels.

Ao se aproximarem da Ishimura, não recebem nenhuma mensagem de resposta à identificação, mas acabam sendo puxados para a estação violentamente.
No processo de desembarque, Hailey é ferida na perna, ficando dentro da Kellion até poder ser transportada para a ala médica.

Isaac e cia. adentram a Ishimura, sem conseguir comunicação com nenhum dos setores dela.
O saguão inicial está abandonado e bagunçado, com roupas e malas abandonadas às pressas.
O engenheiro entra na sala de controle para fazer uma verificação de status da nave, quando os outros três membros são surpreendidos por uma criatura humanoide disforme, que ataca Chen com grandes garras.
Kendra desbloqueia uma porta interna para que Isaac escape da sala de controles e o grupo de separa.

NECROMORFOS

Assustados e confusos com a criatura, o grupo tenta entender o que aconteceu com a nave e o que são as criaturas que eles viram no saguão.
Isaac é direcionado para consertar o sistema de transporte interno da Ishimura, um vagão que segue por trilho entre os diferentes setores da nave.

Neste meio tempo, o engenheiro encontra e monta uma Cortadora de Plasma, ferramenta para manutenção que funcionará como arma principal de Clarke.
À frente da mesa com a ferramenta, uma mensagem escrita nas paredes o avisa para que corte os membros das criaturas, ponto vulnerável dos monstros.

E o que são estes monstros, afinal de contas?
Bem, os necromorfos são os antigos tripulantes da Ishimura, transformados na morte, através de um estranho poder oriundo do Marco, um artefato alienígena adorado pela religião da Unitologia.

Os necromorfos são cadáveres reanimados, com deformidades em seus corpos, tendo parte dos ossos se transformado em longas garras.
Há outros necroformos com deformidades mais específicas, como barrigas carregando pequenos seres que saltam e agarram-se às vítimas, membros explosivos ou mesmo bebês que andam de quatro e possuem tentáculos cuspidores de veneno.

A FERRAMENTA CERTA PARA O TRABALHO CERTO

A Cortador de Plasma é a primeira ferramenta adaptada, depois disto Isaac obterá outras ferramentas e/ou armas, como o Rifle de Pulso, a Serra e o Canhão Linear (minha favorita), entre outras.

As armas, assim como a “armadura” do engenheiro, podem ser melhoradas utilizando nós de energia, disponíveis em alguns armários em paredes e também podendo ser comprados na Loja (onde a armadura é atualizada de versão).
Para utilizar os nós de energia, é necessário localizar Bancadas de Melhoria, máquinas que acoplam os nós nas armas e na armadura; no entanto, algumas peças de melhoria para as armas precisam ser encontradas ou compradas, para que mais nós possam ser utilizados.

Cada arma possui um tiro secundário, que pode ser uma forma diferente de atacar ou um armadilha.
Você pode equipar até quatro armas simultaneamente, as outras podem permanecer em seu inventário, precisando ser trocadas via menu ou armazenadas nas lojas.

As lojas vendem também itens de cura, itens para recuperar Estase (habilidade que permite desacelerar o tempo em objetos ou inimigos) e munições para as armas.
É nelas que também pode-se vender os condutores encontrados, itens que servem apenas a este propósito, gerando vários créditos.

A armadura de Isaac recebe algumas funções extras ao longo da exploração, como a já citada Estase e a Cinesia (puxar, suspender e arremessar itens).
A armadura é também equipada com uma reserva de oxigênio, para sobreviver temporariamente fora da nave e pequenos propulsores nas botas, para mover-se em ambientes sem gravidade.

O QUE HÁ DE NOVO?

Embora este Dead Space seja um remake praticamente 1×1 (ao menos não identifiquei cortes e eu joguei o original MUITAS vezes), houveram adições.

Isaac Clarke agora fala, algo que acontecia apenas no segundo título.
Protagonistas silenciosos eram muito comuns à época do primeiro título, mas esta narrativa mais intimista acabava por tirar a personalidade do herói, algo que foi “corrigido” no remake.
Agora falante, sua relação com Nicole também foi expandida, trazendo novas informações sobre o casal, o que acrescenta bastante à trama.

Sidequests foram inseridas, contando mais sobre os acontecimentos na Ishimura, a relação da tripulação com a Unitologia e a própria pesquisa e trabalho da Dra. Nicole.

O New Game + adiciona variações mais resistentes de alguns inimigos, uma nova linha de sidequest (que explica a origem do Caçador) e réplicas do Marco que, coletadas e colocadas em um local específico, geram um final alternativo.

A navegação tornou-se mais livre com o vagão mais rápido entre as estações, além da não existência de loadings em muitas partes.
Ao clicar em Continuar, na tela título, você automaticamente aparece próximo ao último save point que utilizou.

NECRO ARTE

DS faz um belíssimo trabalho com luz e sombra, ao mesmo tempo em que o gráfico é uma atualização precisa do jogo original.
A arte segue o estilo antigo, sem modificações significativas; por tratar-se um jogo de duas gerações passadas e que já era bonito em sua época, a impressão é de que o remake é exatamente o jogo como o lembramos no quesito gráfico.

Claro, existem melhorias na pele dos necromorfos, por exemplo, mas o jogo respeita muito o estilo artístico original, o que é um ótimo sinal para um remake.
Há algumas salas novas, que acomodam algumas das sidequests, mas elas também se integram bem ao estilo antigo e parecem ser parte do conteúdo original.

Um Isaac Clarke falante no remake retorna com a voz de Gunner Wright, que já dublara o personagem em Dead Space 2 e 3.
A voz conhecida e que passa um tom calmo, afinal estamos falando de um engenheiro, combina com o novo rosto de Isaac, mais “comum” e inspirado no dublador.

A engenharia de som do título faz um excelente trabalho com os sons agudos para pegar o jogador desprevenido, mesmo quando não há uma ameaça direta.
Alguns necromorfos fazem barulho, como aqueles com o braço explosivo, que soltam gritos de agonia indicando a aproximação, enquanto outros são totalmente silenciosos.

A trilha sonora me deixou um pouco confuso.
Ela é visivelmente melhor agora (desculpem saudosistas) e parece levemente inspirada na original, mas não com as mesmas músicas, apenas alguns arranjos ou trechos semelhantes.
Enquanto a trilha do título original, assinada por Jason Graves, parece um pouco exagerada atualmente, refletindo um estilo de sua época, a nova, por Trevor Gurevics, possui mais nuances, equilibrando bem a dramaticidade.

PLATINA ENGENHOSA

A platina de Dead Space é um pouco trabalhosa e bem desafiadora por conta de um troféu.

Enquanto grande parte dos troféus fica por conta da trama e número de mortes por armas, coletar todos os esquemas de armas e equipamentos, melhorar completamente armadura e todas as armas requer continuidade no New Game +.

O NG+ também é importante para o final alternativo (após coletar os 12 Marcos e levá-los ao local apropriado).

Mas o desafio fica por conta do modo Impossible, desbloqueado agora apenas após finalizar o jogo no Hard.
O modo Impossible conta com uma vida e um save, ou seja, se você morrer volta para o começo do jogo ou pode optar por continuar jogando no Hard.

RESUMO DA ÓPERA:
Dead Space é tudo que um remake precisa ser: atualizado em termos gráficos e de gameplay, sem desrespeitar o original, ao mesmo tempo adicionando conteúdo.

O salto gráfico é considerável, já que o original é de 15 anos atrás.
A jogabilidade, embora idêntica à original em sua forma, recebe pequenos (mas significativos) ajustes.

Isaac Clarke, não mais um protagonista silencioso, revela mais sobre sua relação com Nicole Brennan, à qual também recebe mais traços de personalidade, com a expansão do relacionamento entre os dois em novas conversas e sidequests.

Em suma, Dead Space é o remake que merecíamos, trazendo de volta aquele terror espacial que tomou de assalto os corações há duas gerações.
Também nos mostra a importância de fazer remakes de jogos realmente antigos, quando o original já está defasado e precisa de uma atualização.