
* Esta análise foi feita com o código cedido pela Handy Games (versão PS4/PS5)
Distribuidora: Handy Games (subsidiária da THQ Nordic)
Produtora: Honig Studios, Quantumfrog
Plataforma: PS4 / PS5 / Xbox One / Xbox Series X / Xbox Series S / Switch / PC / Google Stadia
Mídia: Digital
Ano de Lançamento: 2020 (PC e Google Stadia) / 2021 (consoles)
El Hijo – A Wild West Tale é um jogo de stealth sobre um menino em busca de sua mãe, no famigerado “Velho Oeste” (nome dado ao gênero Western no Brasil), onde a exploração infantil e o trabalho escravo estão por todo lado.

No início do jogo, após um ataque de bandidos que destrói a casa de ambos, a mãe envia seu filho para um mosteiro, na esperança de vê-lo a salvo da violência.
O menino logo percebe que os religiosos estão colocando as crianças para trabalhar em diversas atividades, como cozinhar, limpar, reparar e por aí vai.

Decidido a escapar dos monges, o menino usa de sua astúcia e agilidade para passar sem ser percebido.
A princípio contando apenas com o fato de poder se abaixar ou esconder-se dentro de pequenos objetos, logo ele passa a usar pedras para desviar a atenção dos inimigos.

Enquanto isto, vendo-se perseguida por bandidos, a mãe utiliza sua habilidade no stealth para ir atrás do filho.
Ao contrário do garoto, ela não tem a mesma facilidade de esconder-se, mas conta já de início com um estilingue, permitindo maior alcance nas pedradas.

Mas não espere matar nenhum adversário: El Hijo é um jogo de stealth sem violência (ok, praticamente sem).
Utilizando-se de diversos subterfúgios, o foco é desviar a atenção ou atrair um inimigo para outro ponto, enquanto assegura o caminho do personagem sem ser notado.

Focado mais no filho (como o nome sugere) do que na mãe, o menino irá ter na jornada alguns itens, como: o estilingue (que será obtido mais à frente, substituindo a pedra manual), soldados de brinquedo à corda (que podem caminhar até um ponto pré-estabelecido para atrair inimigos), uma planta que cria uma nuvem de pólen para permitir a passagem despercebido (enquanto os inimigos tossem) e fogos de artifício (que destroem alguns objetos e atordoam temporariamente os adversários).

O sombreiro é o último item, podendo ser utilizado sem necessidade de cooldown (ao contrário das habilidades acima citadas), serve para esconder-se em plena vista dos inimigos, semelhante à caixa de Metal Gear Solid (mas aqui sem a possibilidade de mover-se enquanto usa o apetrecho).

Ao longo das 29 fases, você foge de monges, bandidos, cães e forças da lei (também coniventes com o trabalho infantil).
É necessário aprender as rotas e comportamentos dos personagens e quais itens funcionam com quais tipos.
Caso precise visualizar uma área maior, apertando R1, uma cacatua voa, revelando os objetos interativos (indicados por uma bola azul logo acima).

Há diversas estratégias para se mover pelo cenário e acessar áreas diferentes: pendurar-se embaixo de um boi, abrir cadeados com o estilingue (criando escadas com as persianas de uma janela), mover-se abaixado pelo mato alto, derrubar postes para criar pontes, mudar direções de trilhos para os carrinhos de mineração, etc.

Durante as fases em que você controla o menino, é possível inspirar crianças que estão presas e/ou trabalhando, seja pelo malabarismo com pedras, disparando fogos de artifício por diversão, batucando melodias com martelos e por aí vai.
Para inspirar as crianças, é necessário primeiro chegar até elas. Embora um objetivo secundário na maioria dos casos, elas constituem um grande desafio e podem recompensá-lo com a recarga de algum de seus itens.

Além das fases tradicionais de stealth, algumas fases nos carrinhos de mineração, percorrendo os trilhos em alta velocidade, se fazem presentes.
Nelas, a aceleração e frenagem precisam ser controladas, pois durante curvas fechadas, um aviso indica os pontos em que muita velocidade pode jogá-lo para fora dos trilhos.

O gráfico de EHAWWT possui um estilo caricato semelhante a desenhos/livros infantis.
Com forte temática mexicana, os personagens possuem indumentária condizente e os cenários possuem o clima árido característico do gênero western.
Em alguns momentos, trechos animados mostram a aventura do filho e sua mãe.

Embora não haja narração ou mesmo vozes falando (apenas alguns grunhidos dos inimigos ou gritos de susto do menino), a trilha sonora se faz presente com predominância de cornetas, contendo até alguns trechos “cantados”, uma boa homenagem ao western spaghetti e às trilhas de Ennio Morricone.
Falando neste compositor, é possível ouvir alguns inimigos assoviando trechos dos temas clássicos dele.

A platina é trabalhosa, não vou mentir pra vocês…
Além dos troféus relacionados às fases e números de uso de itens e objetos para se esconder, há troféus relacionados a não ser pego, inspirar todas as crianças e não ser visto durante o nível 10 (ao menos os desenvolvedores foram generosos e só exigem isto em UM nível).
Essa platina certamente confere um bom fator replay ao jogo.
RESUMO DA ÓPERA:
El Hijo – A Wild West Tale é uma ótima homenagem ao gênero western, contada pela perspectiva de um menino e sua mãe, de forma não letal, algo diferente do que se imagina.
A dupla luta contra o trabalho escravo infantil em um cenário onde religiosos, bandidos e a própria lei utilizam-se das crianças como mão de obra barata. Apesar disto, há um grande conflito entre bandidos e oficiais, trechos em que é necessário contornar grandes tiroteios.
Embora o tema do trabalho infantil seja sério, o jogo possui um clima ameno, com personagens carismáticos e gráficos leves, acompanhados por uma trilha sonora digna do gênero de cinema western e diversas referências.
Uma boa experiência stealth, simples e funcional, com alto desafio e diversão garantida.