Review/Tutorial: 9 Monkeys of Shaolin

O revival de alguns gêneros tem tido repercussões excelentes, e claro, o beat them up ainda tem algumas coisas pra nos proporcionar desde que jogos inspirados nesse estilo com jogabilidade 2D reataram a chama da diversão…

9 Monkeys of Shaolin é um destes jogos, onde diferente de Shing, manteve a aposta de jogabilidade clássica e com mecânicas aprimoradas, além de claro, a essência de uma dificuldade desafiadora no gênero.

O jogo foi desenvolvido pelo estúdio russo independente Sobaka, e publicado por Buka Entertainment e Ravenscourt no ocidente, ficando para a Sonkwo na China e Teyon no Japão.
Desde que foi anunciado em 2018, chamou atenção e teve diversas menções honrosas na DevGAMM Awards…
E agora, vamos conferir e aprender sobre o que o jogo irá propiciar???

Cópia fornecida para review pela Buka Entertainment, versão Playstation 4

Nome: 9 Monkeys of Shaolin
Gênero: Beat them Up
Desenvolvedora: Sobaka Studio
Publicadora: Buka Entertainment (EU) / Ravenscourt (US) / Teyon (JP) / Sonkwo (AS)
Plataformas: Playstation 4 / Xbox One / Nintendo Switch / PC / macOS / Linux
Lançamento: 2020 (16 de outubro)

Antes de começarmos o nosso review da forma clássica, vamos primeiro entender o universo que trouxeram para ele.

O jogo conta uma história em que eles tentam aderir à fatores reais, seja pelo seu desenvolvimento, armas, equipamentos e os próprios personagens… entretanto ele também possui fatores místicos, seres sobrenaturais e elementos de fantasia.
A combinação de um mundo real com fantasia (misticismo e fábulas) é um gênero comum na china, denominado Wuxia.

Trecho em questão com a ajuda do Musashi para explicar:

Wuxia (heróis marciais) é um gênero literário fantástico chinês focado em artistas marciais durante a China antiga.

Os Wuxia (popularmente chamados no ocidente de Guerreiros Wuxia, embora haja aí uma redundância na nomenclatura) são geralmente guerreiros que seguem o código de honra Xia (Wu = marcial, militar ou armado / xia = cavaleiro, vigilante ou herói).

Aquele que segue o código Xia é chamado de xiake (seguidor de Xia) ou yoxia (xia errante); em algumas traduções, os guerreiros Wuxia podem ser chamados espadachins, mesmo não portando espadas.

(ficou confuso? eu por acaso estou falando chinês?)

Os heróis da literatura Wuxia geralmente não seguem um lorde, nem pertencem à aristocracia; geralmente vêm das classes baixas. O código de ética Wuxia exige que os guerreiros lutem pelo que é correto, corrigindo erros, derrotando opressores e fazendo reparação de erros do passado. Um código semelhante é visto no bushido japonês, o código ético samurai.

Os contos Wuxia encaixam-se no Arquétipo do Herói, descrito no livro acadêmico A Jornada do Herói, de Joseph Campbell, mitologista que analisa em sua obra o fator antropológico que rege mitos e religiões ao redor do mundo, baseados em medos e anseios ancestrais comuns à raça humana, mesmo em tempos onde diferentes culturas não mantinham contato.

Na cultura Wuxia, e aqui chamamos de cultura pelo estilo literário ter se estendido a quadrinhos chineses (manhua), filmes (Jet Li manda lembranças), ópera chinesa, video games, etc, os guerreiros possuem habilidades sobre-humanas, geralmente englobando:

Artes Marciais – o estilo marcial, geralmente o wushu;

Armas – além de tradicionais espadas, lanças, arcos e outros, qualquer objeto torna-se uma potencial arma nas mãos de um Wuxia;

Qinggong – parte das técnicas marciais chinesas, refere-se à parte mais acrobática, sendo exagerada no Wuxia ao ponto dos personagens voarem ou planarem, saltarem grandes alturas, etc;

Neili/Neigong (força interna/habilidade interna): é o famoso chi, a energia espiritual capaz de feitos sobrenaturais em seres humanos, como projetar energia através das mãos, curar-se ou curar outros com o toque, correr a supervelocidade, reduzir batimentos cardíacos, dentre outros (o chi “é o mesmo” ki japonês);

Dianxue – a técnica de pontos de pressão baseada na acupuntura, podendo o personagem utilizar-se das agulhas, mas mais comumente apenas de seus dedos para paralisar inimigos, matá-los, ativar a cura ou mesmo ressureição em certos casos.

Haveria muito mais conteúdo que poderíamos citar aqui, mas acredito que isso já dará um bom entendimento para a forma que o jogo lida com isso.

Depois dessa aula feito pelo nosso amigo, agora sim, vamos ao review…

Tela Título

História / Enredo

China, ano do Macaco D’água (1572). O pescador chamado Wei Cheng teve seus pais mortos nas mãos do Wokou quando ele era apenas uma criança. Wei Cheng foi acolhido pelo avô, que lhe ensinou o ramo da pesca, bem como a luta com um cajado, sendo esse conhecimento transmitido de geração em geração na família. Porém, um dia sua vila é atacada por bandidos.

O avô foi morto e Wei foi gravemente ferido por seu líder com uma máscara vermelha. Monges budistas encontram Wei Cheng sangrando e o carregam para uma das casas fortificadas locais. O herói recupera a consciência e encontra monges parados à sua frente. Dizem que a aldeia foi completamente destruída, quase não há sobreviventes e que não havia bandidos comuns, exceto os Wokou.

O grupo foi enviado por Shaolin para ajudar a defender os mosteiros budistas e as pessoas comuns, mas não chegaram a tempo. Wei Cheng se oferece para ajudar sete monges e um contrabandista.

Gráficos

O jogo usa a engine Unreal 4, e apesar de simples na aplicação do jogo, tem ótima aparência na sua paleta de cores e efeitos de luz e transparência. O jogo tem uma mistura de texturas simples com um aspecto cartoon, inclusive pelo visual dos personagens não serem muito exagerados, dando uma formato que lembra muito os SD (superdeformed).
As artworks dos personagens aparecem nas suas falas enquanto conversam ingame, assim como os balões de conversa para identificar quem é o personagem falante da artwork.
Já nas transições de capítulos, há artes desenhadas em 2D por Mikhail Bushuev, com um traço bonito e vivo.

Som / OST

O jogo conta com uma trilha sonora totalmente temática, com arranjos orientais, com sua maioria sendo mais calmas ou com teor de suspense e tristeza.
A trilha foi composta por Nadezda Gourskaya (trabalhou em Redeemer, que também penso em trazer aqui pro site). Ou seja, não foi feito especificamente por um compositor oriental.
Já a dublagem de Wei, fica por conta de Daisuke Tsuji.

Jogabilidade

Os controles do jogo são responsivos e com sistema de cancelamentos de golpes, o que torna um ritmo bom para o excesso de inimigos que encontra na tela em algumas situações, e sua forma de progredir no cenário remete muito aos jogos antigos, onde em alguns momentos haverá interações com cenário para os inimigos no fundo.

Sistema de Jogo

O HUD é limpo e simples, o indicador de de vida dos inimigos é sobreposto (por cada inimigo acertado) no centro da tela como em diversos outros jogos.
Além de contar com o valor dos danos causados neles conforme atacar.

OBS: medidor de objetivo é apenas em fases específicas

A aplicação da arte marcial

Indo para a parte de combates, que é o que a maioria deve querer saber… lol
Os ataques base se consistem em cortes, chutes e impulso.

Cada um dos três golpes são destinados à diferentes tipos de inimigos, e a variação dos golpes também se dá pela forma que ele oferece a área de ataque, no caso o quão ele é efetivo em diversas áreas de ataque nos corpo dos inimigos.
Cortes – para inimigos sem armaduras, seus ataques envolvem movimentos de cima pra baixo vertical, de baixo pra cima em diagonal, inversão e raio de distância
Chutes – para inimigos sem elmos / capacetes, seus ataques envolvem apenas a parte superior, ou seja, o rosto / cabeça
Impulso – para inimigos com armadura, seus ataques envolvem aplicação de força no impulso, onde o ponto exato é peito / estômago.
Acertar inimigos com ataques adequados dará mais chance de causar stun neles.

A aplicação do Wuxia

Com o passar de sua progressão do jogo, Wei vai desenvolvendo mais técnicas e aprendendo sobre o “CHI”/”KI”, assim como sua convivência com os monges o deixará mais familiarizado e ele acaba se tornando um deles.
Com isso, alguns poderes novos irão aparecer, e você ganhará variações de posturas:

Chi / Ki

Postura Básica – a postura inicialmente usada no início do jogo, sendo os ataques base.
Entretanto, a postura básica ganha uma aplicação da força (chi / ki) ao segurar os botões de ataque, causando um dano maior.
OBS: é possível aplicar seguidamente enquanto tiver energia.

Quinggong

Postura Acrobática – os ataques se tornam mais técnicos, com o domínio de armas sendo um fator extraordinário, além da aplicação do Quinggong.
É ativado com R2 + botão de ataque base.

Corte – faça um ataque com coreografia que remete à um moinho de vento com sua arma, acertando todos em sua volta

Chute – lance seu inimigo para o ar e o deixe vulnerável á todos os ataques

Impulso – salte com um ataque poderoso que irá atacar o inimigo por cima.

No jogo, essas técnicas são referidas como Southern Elements.

Neili/Neigong

Postura Mágica – use sua habilidade interior e produza ataques mágicos com a energia acumulada no seu corpo usando os selos.

Selo da Harmonia – enfraquece a defesa de seus inimigos

Selo da Levitação – lança todos os inimigos dentro dele no ar

Selo da Concentração – atraí os inimigos para perto de você

Todos os selos terão efeitos melhorados e adicionados em sua aplicação, não darei detalhes porque isso fará parte da sua experiência enquanto progride.
Essa postura é ativada com L2 + botão de ataque base.
No jogo, a técnica é citada como Ground Seals

Defesas / Parry

Wei usa como defesa 3 técnicas:

Evade – Desvie dos inimigos e os atordoe por 1 ou 2 segundos.

Parry – defenda no momento exato e desconserte seu inimigo

Reflect – refletir projéteis dos inimigos

Progressão

O jogo se divide apenas em dois ambientes, QG e fases…
A narrativa ocorre por intermédio de missões que constituem em derrotar chefes de clãs, ao derrotar eles, um capítulo termina.
As missões (fases) possuem recompensas como pontos de técnica, armas ou items de equipamento, é possível verificar ao falar com Xuanpai, algumas progridem na história, outras são missões secundárias.

Tornando-se uma pessoa melhor

Além das posturas, Wei pode aprimorar suas técnicas aplicando melhorias na sua árvore de desenvolvimento, sendo composta por cada atributo e distribuídas entre as 3 posturas, conforme aprender elas.

Use os pontos de técnicas para primeiro aprimorar a capacidade de aprendizado e posteriormente use para obter as técnicas, afinal de contas um monge precisa se desenvolver internamente e depois externamente.

Equipamentos

No QG, ao falar com Liu Haibo, você pode trocar seu equipamento.

Os equipamentos se constituem em 3 peças:
Armas, calçados e guias de oração, cada um com suas bonificações de atributos (ou não).
A estética do personagem muda juntamente com os equipamentos.

Monte um set capaz de dar poderes inacreditáveis…

Segredos

O jogo conta com alguns coletáveis em algumas fases que liberam algumas modificações pro jogo, seja personagens modificados, glitches engraçados, filtros e outras coisas…

Ache as estatuetas em algumas fases…

Multiplayer

Se falar com Daoshan, poderá jogar em multiplayer cooperativo online ou local, sendo ele o seu acompanhante.

Troféus / Conquistas

Dificuldade: 3/10
Para domínimo / platina do jogo é necessário terminar na dificuldade Legend, aplicar as mecânicas de combate, completar uma missão cooperativo, reviver seu colega, entre outras.

Considerações Finais

9 Monkeys of Shaolin certamente entrou em um dos melhores beat them ups que joguei na minha vida em termos de jogabilidade, diversão e sistema de jogo.
Sua variação em combate usando proveito da cultura chinesa faz um belo trabalho, assim como a necessidade de variação dos estilos para cada inimigo específico.

A performance se mantém satisfatória, sendo 60fps em sua maioria mas com variações de frames em alguns instantes, que por sinal não são incômodos, não tendo nenhum problema de fechamento repentino enquanto está rodando.

Os glitches gráficos existem, e acontecem na maioria das vezes com armas e a física do jogo, atravessando o chão e paredes, mexendo enlouquecidamente, mas não tiram o brilho da diversão, apenas deixam mais risível.

Em contra partida, a única coisa que achei que poderiam ter melhorado foi a trilha sonora, apesar de ser temática e ser algo relacionado à monges, talvez um misto de arranjos perante o enredo do jogo seria mais interessante e fizesse mais juz ao propósito de Wei, não que eu esteja dizendo que é ruim, mas sim que poderia ter sido melhor.

O adicional de multiplayer em suas duas possibilidades dá um ponto positivo pra experiência do jogo, sem precisar de shareplay ou remoto para jogar com alguém na internet.

Sua duração é curta, questão de 1 hora e meia ou 2 horas em 5 capítulos, dependendo de suas habilidades ou formas de jogar, acredito que os chefes pecaram apenas em ter padrão comum e pouco variado, mas a dificuldade fica por conta do excesso de inimigos em alguns momentos, exigindo necessidade de evades seguidos e ter espaço pra contra-atacar corretamente.

Se quer um jogo com jogabilidade rápida e variada com duração boa e divertida, 9 Monkeys to Shaolin será perfeito pra você.

Ajude Wei à se vingar de quem matou seu avô e destruiu sua vila…

Um comentário sobre “Review/Tutorial: 9 Monkeys of Shaolin

Deixe uma resposta